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Ministério do Desenvolvimento Social e ACNUR renovam acordo de cooperação.



Na segunda fase do processo de interiorização, 233 venezuelanos vivendo em Boa Vista foram levados a São Paulo e Manaus. Foto: ACNUR

O ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, assina nesta sexta-feira (28) a renovação do acordo de cooperação do MDS com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) para garantir acesso aos direitos sócio-assistenciais de refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil em situação de vulnerabilidade e risco. O vice-representante da ACNUR no Brasil, Federico Martínez, estará presente.

O convênio, vigente desde agosto de 2018, permite o gerenciamento das medidas de identificação, recepção e acolhimento, incluindo orientação dos cidadãos que atravessam a fronteira, cadastro de pessoas e atendimento social nos postos e abrigos temporários em vários estados do país.

Na solenidade, também será lançado o livro "Pátria Mãe gentil", com fotos do processo de interiorização de venezuelanos no Brasil.

As imagens foram produzidas por profissionais de Ministério do Desenvolvimento Social, ACNUR, Presidência da República e Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

O livro é composto por três capítulos, que envolvem as fases de chegada na fronteira, acolhida nos abrigos e interiorização, incluindo as viagens de Roraima para outros estados e a adaptação dessas pessoas nas comunidades locais.

A resposta humanitária a refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil é feita por meio da Operação Acolhida, que reúne as Forças Armadas, ministérios, agências do Sistema ONU no Brasil e entidades da sociedade civil organizada.

Bolsa Família, Previdência e funcionalismo: a divisão do dinheiro

Ministério da Fazenda mostra que parcela mais rica fica com maior fatia dos gastos com aposentadorias e pessoal. Secretaria de Previdência reforça importância de fatia destinada aos mais pobres para redução da miséria Em fim de gestão, a equipe econômica do governo de Michel Temer segue em campanha pela aprovação da reforma da Previdência. O Ministério da Fazenda divulgou, no dia 5 de dezembro, um relatório chamado "Reformas econômicas em 2016-2018 e perspectivas para o próximo mandato presidencial". No documento, economistas do ministério fazem um raio-x das contas públicas, das realizações da equipe que foi chefiada por Henrique Meirelles e Eduardo Guardia e da principal frustração do período: a não aprovação da reforma da Previdência. Somando todos os tipos de aposentadoria, setor privado e público, urbano e rural, o governo federal desembolsou R$ 685 bilhões em 2017. Isso é mais da metade do Orçamento Federal e R$ 268 bilhões a mais do que o arrecadado com as contribuições previdenciárias no período. A grave situação fiscal do país, que vai fechar o ano com deficit primário pelo quinto ano consecutivo, e a projeção do crescimento das despesas devido a mudanças demográficas não são mais os únicos argumentos para a necessidade de se alterar as regras para se aposentar no Brasil. O texto aborda o atual sistema previdenciário brasileiro como um fator de concentração de renda. Por isso, segundo os dados divulgados pelo governo, reformar a Previdência seria também uma maneira de diminuir a desigualdade no Brasil. No modelo atual, ela atende mais aos que têm renda mais alta.

Por José Roberto Castro e Rodolfo Almeida


Leia na integra em: nexojornal.com.br/expresso/2018/12/12/Bolsa-Fam%C3%ADlia-Previd%C3%AAncia-e-funcionalismo-a-divis%C3%A3o-do-dinheiro

Para alimentar salmão norueguês, soja brasileira desmata e explora trabalho escravo

Três empresas brasileiras que exportam concentrado de soja para a Noruega têm fornecedores que já foram flagrados com trabalho escravo, desmatamento ilegal e posse ilegal de terras

Principal produtora mundial de salmão, a Noruega compra do Brasil maior parte da matéria-prima usada para alimentar seus cardumes. Todos os meses, milhares de toneladas de proteína de soja concentrada saem dos portos brasileiros e cruzam dez mil quilômetros do oceano Atlântico rumo aos tanques de peixes do país nórdico. O problema é que essa cadeia de negócios da soja brasileira está marcada por crimes ambientais e trabalhistas.

Pelo menos três indústrias brasileiras que se destacam como as principais exportadoras de soja para a Noruega – Caramuru, Imcopa e Selecta – têm, entre seus fornecedores, fazendeiros que foram flagrados com trabalho escravo, desmatamento ilegal e conflitos de terra. Os crimes foram descobertos a partir de uma investigação realizada pela Repórter Brasil em parceria com as ONGs norueguesas Future In OurHands e Rainforest Foundation.

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Plantação de soja por entre regiões de mata nativa; empresas que exportam para a Noruega compram o grão de fazendeiros que já cometeram crimes ambientais. (Foto: Pedro Biondi)

Um dos problemas encontrados é a presença de fornecedores produzindo em áreas embargadas pelo Ibama por crimes ambientais. "Vemos pela primeira vez que a aquicultura norueguesa usa soja que pode estar ligada ao desmatamento", ressaltou o gerente geral da Rainforest Foundation, Øyvind Eggen, em reportagem sobre a pesquisa publicada pelo jornal  norueguês Dagbladet.

A investigação também identificou um caso de trabalho escravo em um fornecedor da C.Vale, cooperativa produtora de soja que vende para Imcopa, que por sua vez produz proteína de soja concentrada para a indústria de salmão na Noruega.

Em 2012, nove trabalhadores foram resgatados em situação análoga à escravidão na Fazenda Alto da Mata, de propriedade de Luiz Bononi e localizada em São José do Rio Claro, em Mato Grosso. Bononi forneceu soja à cooperativa C.Vale inclusive no período em que esteve na "lista suja" do trabalho escravo – documento do Ministério do Trabalho que lista os produtores flagrados com o crime. A lista é usada como referência por diversas empresas comprometidas em restringir relações comerciais com empregadores flagrados usando mão-de-obra escrava.

O fazendeiro Bononi não foi localizado pela reportagem.

Outro problema da C.Vale, segundo a investigação, é que ela estaria envolvida em casos de produção do grão em terras Guarani e Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Segundo indígenas ouvidos pela Repórter Brasil, na Terra Indígena Panambizinho, o cultivo do grão acontece por meio de arrendamentos de terra para pessoas de fora da comunidade – arranjo considerado ilegal pelo Ministério Público Federal. O indígena e ativista de direitos humanos Anastácio Peralta, morador de Panambizinho, diz que o cultivo do grão é o maior problema atual da comunidade. Peralta afirma que a soja se tornou o principal cultivo das terras de Panambizinho, e que apenas três ou quatro famílias priorizam o plantio de itens alimentares.

A aplicação de agrotóxicos nas lavouras locais, diz ele, já afeta a qualidade do meio ambiente, inclusive prejudicando o plantio das roças orgânicas tradicionais. Para o indígena, a situação afeta a soberania alimentar na comunidade e incentiva o sedentarismo. "Antes o pessoal plantava, tinha sua rocinha, sua alimentação mais saudável. Hoje, a maioria só arrenda, não cultiva junto." O plantio destinado à C.Vale também se daria em fazendas reivindicadas como parte da Terra Indígena Dourados Amambaipeguá I.

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"Antes o pessoal plantava, tinha sua rocinha, sua alimentação saudável. Hoje, a maioria só arrenda", afirma o indígena e ativista de direitos humanos Anastácio Peralta, sobre os impactos do cultivo da soja nas comunidades Guarani e Kaiowá. (Foto: Pedro Biondi)

Sobre o caso do flagrante de trabalho escravo, a C.Vale afirmou que "legalmente não cabe à cooperativa fiscalizar terceiros sobre o cumprimento da legislação em vigor" e que "orienta e oferece treinamento aos associados sobre as legislações que envolvem a produção de grãos, entre as quais questões ambientais, trabalhistas e de segurança no trabalho". A Repórter Brasil também enviou perguntas à Imcopa sobre seu relacionamento comercial com a cooperativa e sobre os problemas identificados. A indústria, no entanto, não respondeu.

A C.Vale afirmou ainda que "não possui políticas para comercialização de insumos dentro de áreas indígenas". Sobre litígios de terra com grupos indígenas envolvendo cooperados, diz que "não pode interferir nesses conflitos, seja por não estar diretamente envolvida, seja por não deter atribuição legal para isso".

Quando a soja alimenta conflitos fundiários
Além de crimes ambientais e do flagrante com trabalho escravo, há conflitos fundiários e outros problemas trabalhistas na cadeia de produção das empresas que exportam soja para a Noruega.

Um dos fornecedores do grão para a Caramuru e a Selecta são os sojicultores Sadi Luiz Piccinin Júnior e seu pai, Sadi Luiz Piccinin. Em 2013, a Polícia Federal apreendeu agrotóxicos proibidos na Fazenda Serra Vermelha, controlada pela família Piccinin em Dom Aquino, no Mato Grosso. No ano seguinte, em uma outra fazenda da família, em Campos de Júlio (MT), o Ministério do Trabalho identificou 10 trabalhadores sem carteira assinada e a aplicação de agrotóxicos sem os equipamentos de proteção obrigatórios – uma grave ameaça à saúde dos funcionários.

"Agora vemos pela primeira vez que a aquicultura norueguesa usa soja que pode estar ligada ao desmatamento", ressaltou o gerente geral da Rainforest Foundation,  Øyvind Eggen

A família também esteve envolvida em um conflito por terras em Campos de Júlio. Piccinin Junior é acusado de ter ocupado ilegalmente, com seu pai, uma área localizada dentro do assentamento Nova Juruena. Ele é réu em uma ação movida por uma associação que representa os trabalhadores rurais.

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Um dos fornecedores da soja para a exportação foi flagrado com o uso de agrotóxicos não autorizados (Foto: Pedro Biondi)

Procurados, a Selecta e a família Piccinin não deram retorno às perguntas encaminhadas pela Repórter Brasil. A Caramuru disse que, a respeito do uso de agrotóxicos não autorizados pelo fornecedor, não participa do processo decisório sobre os produtos aplicados nas fazendas. Disse ainda que a responsabilidade quanto a isso "é do produtor, do vendedor de insumos, do técnico que faz prescrições, da empresa que fabrica e vende e do órgão regulador."

A empresa afirmou ainda que questões trabalhistas internas às fazendas fornecedoras requerem a fiscalização de órgão oficiais ou da sociedade civil, "de modo a identificar irregularidades". Sobre os conflitos fundiários, a Caramuru ressalta que "infelizmente não há uma fonte pública e oficial que permita consultar, de forma eficaz, consolidada e preferencialmente automatizada, os conflitos no campo". Além disso, alegou possuir uma "política robusta e procedimentos rigorosos" para aprovar compras de grãos de acordo com critérios ambientais, que incluem a consulta de dados de satélite sobre desmatamento recente e informações das fiscalizações do Ibama.

Certificação confidencial  
As empresas que exportam proteína de soja concentrada para a Noruega possuem certificação ProTerra, um selo de boas práticas voltado ao mercado de soja não-transgênica. Toda a produção vendida àquele país passa pelo crivo da certificação, já que a Noruega proíbe a importação de soja geneticamente modificada.

Além de garantir a origem não-transgênica da matéria-prima, o selo possui critérios de sustentabilidade social, ambiental e trabalhista. São feitas auditorias por amostragem na cadeia produtiva dos exportadores para garantir que as fazendas estão respeitando os padrões do certificado.

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Além de crimes ambientais e do flagrante com trabalho escravo, há produtores do grão envolvidos em conflitos fundiários. (Foto: pedro Biondi)

A Repórter Brasil entrou em contato com a ProTerra Foundation, organização responsável pelo selo, e perguntou se os sojicultores identificados pela investigação, envolvidos em crimes e conflitos socioambientais, eram produtores certificados. "A informação das fazendas auditadas é confidencial por cláusula contratual", informou por email Augusto Freire, chairman da ProTerra Foundation.

Sem dar nomes, a ProTerra afirmou ainda que apenas um dos sojicultores citados havia sido auditado nos últimos cinco anos. Na ocasião, não foram encontradas violações trabalhistas, de direitos humanos ou problemas ambientais, segundo a fundação.


Por: Por André Campos e Antônio Biondi

Saiu em: https://reporterbrasil.org.br/2018/11/para-alimentar-salmao-noruegues-soja-brasileira-desmata-e-explora-trabalho-escravo


Demanda mundial por papel higiênico amplia desmatamento no cerrado brasileiro


Produtores de eucalipto mudaram-se da Mata Atlântica para o cerrado, aumentando a grilagem de terras em comunidades indígenas e quilombolas e incentivando o desmatamento. A madeira produzida é comprada pela Suzano, que fabrica celulose e vende para grandes marcas internacionais

FORQUILHA, Maranhão – Durante décadas, dezenas de famílias viveram pacificamente na pequena comunidade de Forquilha, no interior do Maranhão. Ali, no sertão brasileiro, os moradores costumavam plantar sua comida e criar seus animais. Há cerca de sete anos, porém, um empresário abastado instalou-se na região e começou a converter a vegetação nativa em plantações de eucalipto. Se tudo corresse como o planejado, ele venderia as árvores para a Suzano, multinacional produtora de celulose e papel. É a gigante da celulose que alimenta grandes marcas internacionais, como a Kleenex, famosa por seus lenços de papel.

Em 2014, porém, Forquilha tornou-se uma cidade violenta. Homens armados que patrulhavam a cidade entraram ilegalmente nas casas das pessoas, destruíram móveis e ameaçaram matar moradores. Os bandidos vieram com uma mensagem: Renato Miranda, o empresário produtor de eucalipto, sempre fora dono daquelas terras e a comunidade teria invadido ilegalmente sua propriedade. Moradores foram informados de que tinham oito dias para arrumar seus pertences e sair.

"Ninguém sabia para onde ir, todos estavam apavorados, desesperados", lembra Antônia Luís Ramalho Lima, esposa e mãe de 54 anos que ainda mora em Forquilha.

A violência aumentou. Homens armados sequestraram pai e filho, levaram-nos para um rio próximo e ameaçaram assassiná-los – a não ser que a família abandonasse sua casa. Três idosos da comunidade morreram naquele ano; eles haviam sido ameaçados dias antes da morte. Não tendo para onde ir, moradores permaneceram em suas casas. Ainda hoje, muitos deles vivem deprimidos e com medo.

Por: Anna Sophie Gross, da Mongabay

Leia na íntegra em: https://reporterbrasil.org.br/2018/10/demanda-mundial-papel-higienico-amplia-desmatamento-no-cerrado-brasileiro

Usina que deu calote trabalhista tenta retomar terra ocupada por ex-funcionários há 20 anos


Mais de 450 famílias cultivam a terra de usina que faliu em 1996 sem pagar direitos trabalhistas; decisão judicial, que atende interesses de 'barão do café', pede saída dos agricultores

É feriado e dia de reunir a família em torno do fogão à lenha, mas o clima é de apreensão na casa de Dona Fezinha, como é conhecida a aposentada Maria da Fé Silva, 78. "A gente fica com medo", diz um dos genros, sem conseguir disfarçar os olhos marejados. Fezinha e outras 461 famílias do acampamento Quilombo Campo Grande, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), podem ser despejados a qualquer momento por conta de uma decisão judicial do último 7 de novembro.

Há duas décadas, eles vivem na antiga área da Usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, sul de Minas Gerais, que faliu em 1996 sem pagar os direitos trabalhistas de seus funcionários. Sem trabalho, sem dinheiro e sem ter para onde ir, ocuparam as terras da usina como forma de receberem as dívidas trabalhistas – e de ganharem a vida com o cultivo da terra.


Por Marcelle Souza. De Campo do Meio, Minas Gerais | 27/11/18


Leia na íntegra em https://reporterbrasil.org.br/2018/11/usina-que-deu-calote-trabalhista-tenta-retomar-terra-ocupada-por-ex-funcionarios-ha-20-anos


Pesquisa investiga uso de canabidiol para reduzir sintomas de depressão



 – Os antidepressivos comerciais costumam demorar de duas a quatro semanas para promover efeitos significativos em pacientes deprimidos. Além disso, tais drogas são ineficazes em boa parte dos casos. Encontrar novos antidepressivos de ação rápida e duradoura é o objetivo de uma investigação colaborativa conduzida por cientistas do Estado de São Paulo e da Dinamarca. 

Eles observaram em estudo que uma única aplicação de canabidiol em ratos com sintomas depressivos apresentou efeitos muito significativos, com remissão de sintomas de depressão no mesmo dia e a manutenção dos efeitos benéficos por uma semana. 

O trabalho reforça estudos anteriores de que o canabidiol, um componente da maconha (Cannabis sativa), tem potencial terapêutico promissor no tratamento da depressão de amplo espectro em modelos pré-clínicos e humanos.

Resultados foram publicados em artigo na revista Molecular Neurobiology por pesquisadores do grupo liderado por Sâmia Regiane Lourenço Joca, professora na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP). 

A pesquisa, que teve como primeira autora Amanda Juliana Sales, bolsista de doutorado da FAPESP, também contou com o apoio da Fundação por meio de um Projeto Temático, do CNPq e da dinamarquesa Aarhus University Research Foundation.

As pesquisas com canabidiol estão ligadas ao grupo do professor Francisco Silveira Guimarães, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Participa ainda Gregers Wegener, professor no Departamento de Clínica Médica da Aarhus University. 

"O Brasil é pioneiro no estudo do canabidiol e hoje é muito diferente do que há 30 anos, quando começamos a investigar essa substância. Na época, enfrentávamos preconceito por causa da associação com a maconha", disse Guimarães à Agência FAPESP

Apesar de extraído da maconha, Guimarães ressalta que o canabidiol não produz dependência nem efeitos psicotrópicos. "A substância na maconha responsável por tais efeitos é o tetraidrocanabinol (THC) e com o canabidiol ocorre o oposto, ele exerce ação bloqueadora sobre alguns efeitos do THC", disse. 

A investigação dos efeitos do canabidiol visa encontrar fármacos com potencial antidepressivo que atuem mais rapidamente no tratamento, diminuindo o período de latência observado nos antidepressivos convencionais.

Guimarães observa que os antidepressivos disponíveis obtêm resultados em cerca de 60% dos pacientes, de modo que cerca de 40% dos pacientes permanecem sem receber o tratamento adequado, mesmo após tentarem diversas opções por vários meses. "Isso revela a necessidade de encontrarmos novos tratamentos, com melhor potencial terapêutico", disse. 

O experimento foi feito com linhagens de ratos e camundongos selecionadas por cruzamento para desenvolver sintomas de depressão. Foram feitos testes e analisado o comportamento de 367 animais. "Submetemos os animais a situações de estresse, como o teste de nado forçado", disse Joca, que também é professora visitante na Aarhus University.

Antes do teste, uma parte dos animais recebeu uma injeção de canabidiol (com dosagens de 7, 10 e 30 mg/kg) em solução salina, enquanto outra parte dos animais, o grupo de controle, recebeu apenas a solução salina.

Após 30 minutos, os animais foram colocados por 5 minutos em cilindros (25 cm de altura por 17 cm de diâmetro) com 30 cm de água (no caso dos ratos) ou 10 cm de água (camundongos). 

"Essas alturas impedem que eles apoiem a cauda no chão, forçando-os a nadar. No entanto, os animais aprendem a boiar após um tempo de nado e não se afogam. Quando estão boiando, os movimentos são mínimos, apenas para manter a cabeça fora da água e garantir que não se afoguem. É justamente isso que consideramos imobilidade, ou seja, quando param de nadar e boiam", disse Joca. 

"O teste de nado forçado é utilizado para avaliar o efeito de drogas antidepressivas, uma vez que todos os antidepressivos conhecidos diminuem o tempo de imobilidade durante o teste (aumentam o tempo de nado). Portanto, a diminuição do tempo de imobilidade nesse teste é interpretada como efeito 'tipo antidepressivo'", disse. 

Os cientistas constataram que o canabidiol induziu efeitos semelhantes a antidepressivos agudos e sustentados nos camundongos submetidos ao teste de nado forçado.

"No entanto, de modo a assegurar que esse resultado não seria decorrente apenas do aumento da atividade locomotora devido a um efeito psicoestimulante que levaria, por exemplo, os animais a nadarem mais, tivemos que realizar um controle de atividade locomotora", disse Joca. 

"Fizemos o teste do campo aberto, que consiste em colocar o animal para explorar livremente um ambiente novo, enquanto registramos sua atividade locomotora e exploratória. Para dizer que uma droga tem potencial efeito antidepressivo, ela deve ser capaz de reduzir o tempo de imobilidade (aumentar o tempo de nado) no teste do nado forçado, sem aumentar a atividade locomotora no campo aberto, pois isso indicaria que os efeitos no teste do nado forçado não seriam secundários a alterações inespecíficas de atividade locomotora", disse. 

Recuperação de circuitos neurais

A conclusão do trabalho foi que o tratamento com canabidiol induz efeitos rápidos e sustentados, que permanecem por até sete dias após uma única administração, em animais submetidos a diferentes modelos de depressão (incluindo modelos de estresse e modelos de susceptibilidade genética).

Os dados encontrados foram reproduzidos em três modelos animais diferentes, em laboratórios na FCFRP, na FMRP, ambos na USP, e na Aarhus University.

"Ao estudar os mecanismos envolvidos nesses efeitos, observamos que o tratamento com canabidiol induz rápido aumento dos níveis de BDNF [fator neurotrófico derivado do cérebro], uma neurotrofina importante para a sobrevivência neuronal e neurogênese, que é o processo de formação de novos neurônios no cérebro. Também foi observado no córtex pré-frontal dos animais o aumento da sinaptogênese, que é o processo de formação de sinapses entre os neurônios do sistema nervoso central", disse Sâmia Joca.

Sete dias após o tratamento, foi possível observar aumento do número de proteínas sinápticas no córtex pré-frontal, que está intimamente relacionado à depressão em humanos. "Diante disso, acreditamos que o canabidiol inicie rapidamente mecanismos neuroplásticos que contribuem para recuperar circuitos neurais que estão prejudicados na depressão", disse. 

Mas a atuação benéfica do canabidiol não se restringe ao córtex pré-frontal. "Em outro trabalho, demonstramos que o efeito do canabidiol também envolve mecanismos neuroplásticos que ocorrem no hipocampo, outra estrutura envolvida na neurobiologia da depressão", disse a professora da FCFRP-USP.  

Segundo ela, caso o resultado do estudo do uso de canabidiol em ratos venha a ser também observado em humanos, uma vez que o canabidiol já é usado em humanos para outros problemas de saúde, "pode resultar em avanço importante no tratamento da depressão, com possibilidade de ajudar pacientes que sofrem por semanas, muitas vezes com risco de suicídio, até que o tratamento funcione".

Estudos em humanos

No momento, os pesquisadores da USP em Ribeirão Preto investigam outros mecanismos envolvidos nos efeitos do canabidiol e seus efeitos em modelos animais de resistência aos tratamentos convencionais.

"Estamos estudando, por exemplo, se o canabidiol seria eficaz também em pacientes que não respondem à terapia convencional ou se quando associados a esses antidepressivos poderia haver melhora dos sintomas. Nesse sentido, em outro trabalho nosso que acaba de ser publicado na revista Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry, demonstramos que o tratamento com canabidiol facilita a neurotransmissão serotoninérgica no sistema nervoso central, sendo que sua combinação com doses baixas de antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina, como a fluoxetina, induz significativo efeito antidepressivo", disse Joca. 

"Portanto, há a possibilidade de que o tratamento combinado de canabidiol com inibidores da receptação de serotonina permita que esses sejam usados em menores doses, possivelmente diminuindo os efeitos adversos desses fármacos, mas mantendo o efeito terapêutico observado em doses maiores", disse à Agência FAPESP

Diante disso, os autores do estudo estimam que o canabidiol tenha potencial efeito antidepressivo para induzir resposta mais rapidamente do que os fármacos convencionais e que, quando associado a esses, seja capaz de melhorar a resposta dos antidepressivos. 

"Nossas evidências indicam que esses efeitos ocorreriam por induzir alterações neuroplásticas no córtex pré-frontal e no hipocampo, estruturas envolvidas no desenvolvimento da depressão. Como o canabidiol é usado em humanos para tratamento de outras condições médicas, acreditamos que possa ser estudado também em humanos, em um futuro breve, para o tratamento da depressão", disse. 

O artigo Cannabidiol Induces Rapid and Sustained Antidepressant-Like Effects Through Increased BDNF Signaling and Synaptogenesis in the Prefrontal Cortex (doi: https://doi.org/10.1007/s12035-018-1143-4), de Amanda J. Sales, Manoela V. Fogaça, Ariandra G. Sartim, Vitor S. Pereira, Gregers Wegener, Francisco S. Guimarães e Sâmia R. L. Joca, publicado na Molecular Neurobiology, pode ser lido em link.springer.com/article/10.1007%2Fs12035-018-1143-4

O artigo Antidepressant-like effect induced by Cannabidiol is dependent on brain serotonin levels (doi: https://doi.org/10.1016/j.pnpbp.2018.06.002), de Amanda J. Sales, Carlos C. Crestani, Francisco S. Guimarães e Sâmia R. L. Joca, publicado na Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry, pode ser lido em sciencedirect.com/science/article/pii/S0278584618301167?via%3Dihub.

Mutações não hereditárias são principal causa de câncer de mama em mulheres jovens


 – Cerca de 80% dos casos de câncer de mama em mulheres jovens, com idades entre 20 e 35 anos, podem ser causados por mutações somáticas – alterações genéticas nas células da mama que não têm origem hereditária. Foi o que constatou um estudo feito no Centro de Investigação Translacional em Oncologia (LIM 24) do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) com apoio da FAPESP.

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum em mulheres – a estimativa é de 59 mil novos casos no Brasil em 2018 – e ocorre principalmente naquelas que têm mais de 50 anos e já se encontram na menopausa.

No entanto, 4,5% dos casos da doença acometem mulheres jovens, entre 20 e 35 anos de idade. Por ter diagnóstico mais difícil e ser pouco esperado, normalmente o tratamento nesses casos é iniciado quando a doença já está em estágio mais avançado e apresenta maior taxa de mortalidade que em mulheres mais idosas.

Nos resultados do estudo, publicado na revista Oncotarget, são destacados os dois fatores mais importantes para o câncer de mama: o hereditário, quando a pessoa herda uma mutação genética dos pais, que predispõe ao câncer; e as mutações somáticas, que ocorrem na célula da mama ao longo do tempo.

"Estudamos esse segundo fator, que descobrimos ser também o mais comum em mulheres jovens com câncer de mama e do qual pouco se sabe", disse Maria Aparecida Koike Folgueira, pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e uma das autoras do artigo, resultado do trabalho de doutorado de Giselly Encinas, com Bolsa da FAPESP. O trabalho teve colaboração de pesquisadores do Icesp, da FMUSP, do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), do Ontario Institute for Cancer Research (Canadá) e da University of Toronto (Canadá).

No estudo, foram analisados os casos de 79 pacientes do Icesp e IBCC com menos de 36 anos e diagnosticadas com câncer de mama. Treze pacientes (16,4%) apresentavam mutações germinativas nos genes BRCA1 e 2, que são alterações que têm a hereditariedade como base. O estudo identificou ainda outros genes herdados, que são menos comuns que o BRCA1 e 2.

Dos tumores não hereditários, oito (com expressão positiva de receptores de estrogênio, ou seja, subtipo luminal) foram submetidos ao sequenciamento do exoma – parte do genoma onde estão os genes que codificam proteínas – e integrados para análise a outras 29 amostras luminais existentes em outros bancos de dados.

"Dentre todos os tumores que acometem pacientes jovens, 25% são câncer de mama. É também o tipo mais comum em jovens. Há poucos estudos nessa área. Enquanto existem 2 mil tumores de mama sequenciados e disponíveis em bancos de dados, apenas 29 tumores (subtipo luminal) que acometem mulheres jovens tinham sido caracterizados. Nosso grupo sequenciou outros oito e analisamos os dados conjuntamente com os outros 29 já existentes", disse Folgueira à Agência FAPESP.

Com a análise dos dados, a equipe estabeleceu informações importantes sobre a ocorrência de câncer de mama causado por mutações somáticas em mulheres jovens. Folgueira explica que as células da mama, em especial, proliferam a cada ciclo ovulatório – proliferam e entram em apoptose (morte celular) –, o que faz com que elas tenham maior chance de uma mutação ao acaso.

"Mais de 40% dos casos estudados apresentaram mutação somática em gene que codifica proteína de reparo de DNA, ou seja, o surgimento do câncer veio de um problema em algum sistema de reparo de DNA, que se originou na própria célula da mama e não foi herdado", disse Folgueira.

BRCA1 e BRCA2

Mutações ocorrem o tempo todo, seja por metabolismo celular ou duplicação das células (replicação do DNA), entre outras causas. Tanto que cabe a uma enzima específica – DNA polimerase – criar duas cadeias de DNA idênticas, a partir de uma única molécula de DNA original. Porém, ela pode não ser muito fiel à cópia, gerando erros nessas replicações.

Para que o erro do DNA polimerase não passe adiante, existe ainda um sistema de reparos de DNA e, de acordo com o estudo feito no Icesp, 43% dos casos de câncer de mama em mulheres jovens estão relacionados a mutações em genes desse sistema.

"Se a célula prolifera bastante ela tem mais chance de ter uma mutação ao acaso e é isso que parece ocorrer nos casos que estudamos", disse Folgueira.

O problema se assemelha aos casos de mutações genéticas hereditárias, onde o mais comum são alterações nos genes BRCA1 e BRCA2. Eles ficaram mundialmente conhecidos em 2013, quando a atriz norte-americana Angelina Jolie anunciou ter se submetido à mastectomia bilateral após ter descoberto, a partir de um exame com base no sequenciamento genético, que teria risco elevado de desenvolver câncer de mama.

"Os genes BRCA1 e BRCA2 codificam proteínas importantes que participam do reparo do DNA. Quando esse sistema não funciona, esse DNA fica mais propício a sofrer mutações, e o acúmulo delas gera uma célula alterada, neoplásica, que pode desencadear o câncer", disse Folgueira.

Além de verificar que a hereditariedade não é a causa principal de câncer de mama em mulheres jovens, o estudo constatou que em torno de 50% dos tumores apresentam mutações somáticas patogênicas em genes que controlam a transcrição gênica e consequentemente a síntese proteica – mais problemática por ser uma função em que é mais difícil dizer se está associada à doença ou não.

"No estudo, encontramos também mutações patogênicas em genes associados à regulação positiva da transcrição gênica em 54% dos tumores", disse.

Para a pesquisadora, embora a descoberta não altere momentaneamente o tratamento e atenção à população de mulheres jovens, ela surge como uma indicação.

"Reparo de DNA é muito importante e um dos tratamentos no câncer de mama metastático, os inibidores da enzima PARP, por exemplo, é direcionado a pacientes com mutação germinativa em BRCA1 e BRCA2. Existem estudos clínicos em andamento para avaliar se este tratamento pode também beneficiar pacientes que apresentam mutações somáticas em outros genes de reparo, além de BRCA1 e BRCA2. Este seria o caso de cerca de 40% das pacientes jovens com câncer de mama luminal", disse Folgueira.

A descoberta também abre caminho para novas linhas de pesquisa. "É uma indicação importante que a maioria dos casos não seja por questões hereditárias. Ainda assim fica a pergunta se são de fato apenas mutações somáticas ao acaso. Desde que nascemos estamos expostos a tudo, não é? O câncer de mama é o mais frequente em mulheres e um dos motivos pode ser porque as células proliferam bastante e há mais chance de errar", disse à Agência FAPESP.

O artigo Somatic mutations in early onset luminal breast cancer (doi: 10.18632/oncotarget.25123), de Giselly Encinas, Veronica Y. Sabelnykova, Eduardo Carneiro de Lyra, Maria Lucia Hirata Katayama, Simone Maistro, Pedro Wilson Mompean de Vasconcellos Valle, Gláucia Fernanda de Lima Pereira, Lívia Munhoz Rodrigues, Pedro Adolpho de Menezes Pacheco Serio, Ana Carolina Ribeiro Chaves de Gouvêa, Felipe Correa Geyer, Ricardo Alves Basso, Fátima Solange Pasini, Maria del Pilar Esteves Diz, Maria Mitzi Brentani, João Carlos Guedes Sampaio Góes, Roger Chammas, Paul C. Boutros e Maria Aparecida Azevedo Koike Folgueira, pode ser lido em www.oncotarget.com/index.php?journal=oncotarget&page=article&op=view&path%5B%5D=25123.


Maria Fernanda Ziegler  |  Agência FAPESP






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UNESPAR encerra na próxima semana o prazo para pedido de isenção na taxa do Vestibular 2018/2019

A Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) recebe até a próxima quinta-feira (23) a solicitação de isenção na taxa de inscrição do Vestibular 2018/2019.

O pedido deve ser efetuado no site, conforme critérios estabelecidos em Edital. O resultado será divulgado dia 31 de agosto.

As inscrições para o Vestibular podem ser realizadas até 11 de setembro às 23h59 no portal do Vestibular. O valor da taxa é R$ 110,00.

As provas serão aplicadas dia 18 de novembro das 13h às 19h. A a previsão é que o resultado seja divulgado 07 de janeiro de 2019. Confira o calendário completo.

A UNESPAR está oferecendo 1.748 vagas para cursos de graduação distribuídos nos Câmpus de Apucarana, Campo Mourão, Curitiba I, Curitiba II, Paranaguá, Paranavaí e União da Vitória. As vagas são destinadas ao ano letivo de 2019.

Acesse o Edital, o Manual do Candidato, as Obras Literárias e  o portal do Vestibular 2018/2019 UNESPAR para mais informações.


InfoEscola @digitalradiotv

UDESC-Laguna oferece Pré-Vestibular Comunitário; inscrições iniciam 20 de agosto

O Centro de Educação Superior da Região Sul (Ceres) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em Laguna, receberá entre os dias 20 e 23 de agosto as inscrições para o Pré-Vestibular Comunitário 2018.

Os interessados em concorrer às vagas devem comparecer das 9h às 12h e das 13h às 17h, na Direção de Extensão, localizada na Rua Coronel Fernandes Martins - nº70, bairro Progresso. Na ocasião, os seguintes documentos devem ser apresentados: cópias do RG e Histórico Escolar do Ensino Médio (ou atestado de matrícula para quem estiver cursando o Ensino Médio).

A UDESC-Laguna está oferecendo 50 vagas gratuitas, destinadas principalmente aos candidatos que estudam ou estudaram em Escola Pública.

As aulas iniciarão em 03 de setembro e seguirão até 23 de novembro. O curso será ministrado de segunda a sexta-feira, das 18h30 às 21h30. O material didático está incluso e será distribuído aos participantes.

Para mais informações acesse a página da UDESC.

 @digitalradiotv

FMP - Petrópolis abre inscrições para Vestibular de Medicina 2019

A Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP-Fase), no Rio de Janeiro (RJ), abriu as inscrições para o Vestibular 2019.

Os interessados podem se candidatar até 10 de setembro no portal de Vestibular. O valor da taxa de inscrição é R$ 250,00.

A FMP-Fase está oferecendo 150 vagas para o curso de graduação em Medicina, destinadas aos primeiro e segundo semestre do ano letivo de 2019.

Os locais de provas serão informados 26 de setembro. Os exames serão compostos por questões objetivas de conhecimentos gerais (conteúdo do Ensino Médio) e questões discursivas de Biologia e Química, além da Redação.

O resultado do Vestibular de Medicina será divulgado dia 23 de novembro. Confira o Roteiro do Candidato e demais publicações no portal da FMP.

 

@digitalradiotv

ONU promove no Rio de Janeiro a Exposição "70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos"

A Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, em parceria com o Centro Cultural Correios e Acervo Otávio Roth, lançou ontem (08) no Rio de Janeiro (RJ), a Exposição "70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos".

A mostra reúne 30 xilogravuras de Otávio Roth baseadas nos Artigos da Declaração Universal, que defende a igualdade, a fraternidade, a dignidade, a paz e a liberdade humana, independente de raça, etnia, religião, gênero ou nacionalidade.

O Documento foi adotado em 10 de dezembro de 1.948 com o objetivo de proibir horrores e holocaustos na humanidade, como ocorreu na Segunda Guerra Mundial. As regras estabelecidas são voltadas principalmente ao respeito à vida e a fraternidade, onde todos os países "devem" se comprometer em segui-las. A Constituição Federal Brasileira e a de outras democracias foram inspiradas na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Otávio Roth (1952-1993) possui trabalhos em exposições permanentes nas sedes das Nações Unidas em Nova Iorque, Genebra e Viena.

A exposição no Brasil ficará aberta para visitação até 09 de setembro, de terça a domingo, das 12h às 19h. Neste período também ocorrerá  palestras, filmes e debates. O evento é aberto ao público e gratuito.

Endereço: Centro Cultural Correios - Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro/Rio de Janeiro (RJ).


Para mais informações acesse a página da ONU.



Aprendizado com Bernardinho faz Vinicius Petrunko, ex-auxiliar, planejar vôlei nos EUA


Jornalista Responsável: Fernando Flores

- Quando um dos projetos mais vitoriosos do vôlei brasileiro surgiu, em 1997, em Curitiba, Vinicius Petrunko cursava Educação Física, na PUC, em Curitiba, após trabalhar alguns anos no McDonald´s e sonhar com uma mudança para o exterior. A modalidade para ele, até então, era uma brincadeira com os amigos.

Ele não sabia, porém, que ser escolhido para trabalhar no time do Rexona, com Bernardinho, seria um divisor de águas na carreira.

Vinicius começou no projeto como voluntário em uma peneira para jovens. Era um entre tantos auxiliares que os profissionais Bernardinho, Hélio Griner e Ricardo Tabach precisavam para realizar testes com centenas de crianças. 

- No fim da peneira, o Tabach (atual assistente técnico de Bernardinho no Sesc e de Renan Dal Zotto na Seleção Brasileira masculina) pediu para que deixássemos os contatos, já que eles precisariam contratar pessoas para o início do trabalho do time feminino. Deixei. Dias depois ele me ligou e comecei a trabalhar no projeto - relembra Vinicius.

Durante os sete anos do projeto em Curitiba, o então estudante se formou, virou auxiliar nas escolinhas de base, aprendeu a trabalhar com estatísticas em jogos profissionais e virou assistente do time adulto. Quando Bernardinho estava na Seleção, Griner virava o treinador, com Vinicius sendo um dos auxiliares. 

A parceria com Griner foi estendida para três edições da Universidade: 2009 na Sérvia, 2011 na China e 2013 na Rússia. Fez parte da conquista de uma medalha de ouro e uma de prata com a Seleção feminina. Paralelamente, coordenou os 24 núcleos do Instituto Compartilhar, criado por Bernardinho, no Paraná. Agora, ele quer levar todos os ensinamentos para os Estados Unidos. 

- Talvez a maior diferença entre Brasil e Estados Unidos neste caso seja a mão de obra dos técnicos. Lá muitos são formados por cursos online e fazem "bicos" como professores de vôlei. Eles, porém, organizam campeonatos de base e em uma única categoria chegam a contar com 100 equipes. No Brasil trabalhamos muito com o mini-vôlei, com quadra menor, bola mais leve, rede mais baixa. Fizemos muito disso no projeto, criando uma metodologia, colocando tudo no papel, documentando, estruturando. E não vi isso nos Estados Unidos. Creio que pode dar certo por lá - diz ele, após conhecer centros de treinamento de vôlei em Dallas e Seattle.


FONTE Vinicius Petrunko / @digitalradiotv

Insper abre inscrições para Vestibular 2019


Imagem: Divulgação / Wikipédia
O Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em São Paulo (SP), abriu as inscrições para o Vestibular 2019.
O Insper está oferecendo 399 vagas para os cursos de Administração, Ciências Econômicas, Engenharia da Computação, Engenharia Mecânica e Engenharia Mecatrônica.
Os candidatos podem ingressar por meio de prova tradicional ou via Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As inscrições para o vestibular tradicional vão até 21 de novembro e o valor da taxa é R$ 200,00. As inscrições via Enem seguem até 10 de janeiro e o valor da taxa é R$ 50,00.
As provas de 1ª fase serão aplicadas em 14 de dezembro e os convocados para a 2ª fase serão informados dia 14 de janeiro de 2019. A 2ª fase ocorrerá entre 19 e 23 de janeiro, conforme agendamento dos candidatos.
O resultado final será divulgado dia 01 de fevereiro. Confira o calendário completo e demais informações na página do Vestibular.

 InfoEscola / @Digitalradiotv.

UFJF abre inscrições para Vestibular de Música 2019

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em Minas Gerais, abriu ontem (06), as inscrições para o Vestibular de Música 2019. Os interessados podem se candidatar até às 17h de 27 de agosto no site.

O valor da taxa de inscrição é R$ 60,00 e o prazo para solicitar isenção vai até às 15h de 10 de agosto. O pedido pode ser efetuado conforme critérios estabelecidos em Edital.

Podem participar do Vestibular de Música candidatos que realizarão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2018) nos dias 04 e 11 de novembro.

A UFJF está oferecendo 35 vagas para o curso de graduação em Música no Câmpus de Juiz de Fora. As vagas serão destinadas ao 1º semestre do ano letivo de 2019.

A 1ª etapa de provas será aplicada nos dias 30 de setembro (teoria e percepção musical) e 09 e 10 de outubro (prática). A 2ª etapa trata-se do aproveitamento da média obtida no Enem 2018.

Para mais informações acesse o portal da Copese.

 

Por: InfoEscola.

Inovação política nas periferias. Confira !






Para onde vai o dinheiro público gasto na cidade de SP?

São Paulo é uma das cidades mais desiguais do mundo. Essas desigualdades se manifestam de diversas formas (Eduardo Silva/32xSP)



Prefeitura não sabe informar onde gastou R$ 48 bilhões entre 2014 e 2017. Falta de transparência contribui para desigualdades sociais e territoriais na capital paulista


 Orçamento Público em São Paulo
São Paulo é uma das cidades mais desiguais do mundo. Essas desigualdades se manifestam de diversas formas (Eduardo Silva/32xSP)
A auxiliar de limpeza Joseilma Feitosa, 51, moradora do Jardim Helena, no extremo leste de São Paulo, chega a esperar de dois a três meses para ser atendida na UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima de sua residência.

De acordo com dados do Mapa da Desigualdade, levantados pela Rede Nossa São Paulo, o tempo médio de espera para consultas de clínico geral no distrito do Jardim Helena é de 40 dias. No Lajeado, também na zona leste, o tempo é ainda maior: 63 dias.

"Quando eu não passo no médico pelo SUS [Sistema Único de Saúde], sou obrigada a pagar uma consulta particular. Às vezes, minha mãe tem que passar numa consulta com um geriatra e o menor valor que a gente encontra é de R$ 200. Mas nós já chegamos a pagar R$ 1.200 no Hospital Albert Einstein e no Sírio-Libanês", comenta.

Dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do MTPS (Ministério do Trabalho e Previdência Social) apontam que o Jardim Helena e o Lajeado estão entre os cinco distritos com a menor média salarial em São Paulo, junto com Guaianases e Artur Alvim (zona leste), e Marsilac (extremo sul).

No Jardim Helena, a remuneração média mensal de pessoas com emprego formal é de R$ 1.540,72 – seis vezes menos do que a média do Campo Belo e quase três vezes menos do que a média do Itaim Bibi, ambos na zona sul.

O custo de um plano de saúde para Joseilma e sua mãe de 75 anos ocuparia boa parte de sua renda, por isso um serviço público de qualidade é uma de suas necessidades.

"Acho que o investimento deveria ser melhor na questão humana: se houvessem mais médicos e enfermeiros trabalhando, tanto no clínico geral como em outras especialidades (que às vezes nem têm aqui no bairro), com certeza a gente teria um atendimento melhor e menos demora para a consulta", conta.

Quando perguntada sobre qual é o orçamento da cidade de São Paulo (que também poderia ser direcionado para a zona leste e melhorar a qualidade dos serviços públicos na região), Joseilma chuta: "acho que uns R$ 3 bilhões". O valor, apesar de alto para ela, está muito aquém do que é orçado pela Câmara Municipal anualmente.


Por Eduardo Silva

Leia mais em 32xsp.org.br

O CEU virou um inferno: 14 obras da rede de Centros Educacionais Unificados estão paradas em SP

UEMA prorroga inscrições do Processo Seletivo 2019


A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) prorrogou até 17 de agosto o prazo de inscrições do Processo Seletivo de Acesso à Educação Superior (PAES) 2019. Os interessados devem se candidatar na página do PAES.
O valor da taxa de inscrição é R$ 85,00. O prazo para solicitação de isenção da mesma já encerrou e o resultado pode ser consultado no site.
A UEMA está ofertando nesta edição, 4.249 vagas para cursos de graduação distribuídos nos Câmpus de Bacabal, Balsas, Barra do Corda, Caxias, Colinas, Codó, Coelho Neto, Coroatá, Grajaú, Itapecuru-Mirim, Lago da Pedra, Pedreiras, Pinheiro, Presidente Dutra, Santa Inês, São Bento, São João dos Patos, São Luís, Timon e Zé Doca.
Os locais de provas serão informados na "Confirmação de Inscrição" que será divulgada em 15 de outubro. O documento deverá ser impresso pelo candidato.
O Processo Seletivo será realizado em duas etapas (21/10 e 25/11, respectivamente): A primeira etapa de prova será constituída por 60 questões objetivas de múltipla escolha nas áreas de conhecimentos gerais do Ensino Médio; a segunda etapa será composta por 12 questões discursivas de conhecimentos gerais e Redação.
As obras literárias cobradas são as seguintes: Morte e Vida Severina (Poema) - João Cabral de Melo Neto; Auto da Compadecida - Ariano Suassuna; O Mulato - Aluísio Azevedo.
Acesse o Manual do Candidato e o Edital para obter informações sobre o Sistema especial de reservas de vagas, o conteúdo programático de provas e demais procedimentos.

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CONVITE: No Rio, Consulado do México e ONU debatem participação da mulher na política e educação; participe!



No Rio, ONU e Consulado do México debatem participação da mulher na política e educação

O Consulado Geral do México no Rio de Janeiro, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, promove nesta terça-feira (14), às 16h, no Centro Cultural dos Correios, o debate "Os desafios da mulher na participação de uma vida política e educativa plena".

O evento terá como palestrantes Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil; Telma Marques Taurepang, integrante da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB); e Linda Marina Munive, consulesa-geral do México. A entrada é franca, com espaço sujeito à lotação (40 lugares).

O objetivo da ação é discutir como a participação equitativa das mulheres no âmbito político e acadêmico é fundamental para promover o exercício da democracia e da justiça. As palestrantes falarão sobre a importância de leis específicas voltadas para questões de gênero e da luta por uma educação inclusiva, longe de traços discriminatórios.

O debate acontecerá na galeria da exposição "70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos", que traz obras do artista paulistano Otávio Roth. Realizada pela primeira vez no Rio de Janeiro, a mostra apresenta 30 xilogravuras que traduzem os ideais de paz e igualdade defendidos nos artigos do documento.

"É relevante a nível internacional debater sobre temas dessa magnitude, após o interesse gerado pelas questões de gênero, onde muitas pessoas observaram que a participação equitativa das mulheres no âmbito político de um pais é fundamental para o desenvolvimento do mesmo", disse a vice-consulesa do México, Diana Vera Riquelme.

Aprovada em 10 de dezembro de 1948, a Declaração foi construída a partir do esforço conjunto da comunidade internacional para garantir que os horrores da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – incluindo o Holocausto – jamais se repetissem. Considerada a base da luta universal contra a subjugação e abuso de povos, o documento estabelece obrigações para a atuação de governos, de maneira a garantir a proteção de comunidades e indivíduos.

A entrada é franca, com espaço sujeito à lotação (40 lugares).

Serviço


Debate: "Os desafios da mulher na participação de uma vida política e educativa plena"
Data: 14 de agosto – 16h
Classificação: livre
Endereço: Centro Cultural Correios – Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, Rio de Janeiro

Acesse este convite online: goo.gl/NTuj4J

Informações adicionais: contato@onu.org.br


Apoio: @digitalradiotv


Usiminas ressaltou que monitora a exposição da população aos gases dispersados na explosão. Até a manhã de ontem, a empresa não havia detectado qualquer risco ou anormalidade diante dessas condições


 Trabalhadores da Usiminas retornaram gradualmente, mas tanques próximos ao danificado cominuam com as atividades suspensas (foto: Wolmer Ezequiel/Diário do Aço)

Explosão na Usiminas em Ipatinga: autoridades investigam danos ao meio ambiente

Após o susto causado pela explosão de um gasômetro situado na usina da Usiminas, o município de Ipatinga, no Vale do Aço, começa a retornar à normalidade. Na manhã de ontem, a empresa informou, em nota, que os 34 feridos durante o incidente receberam alta do Hospital Márcio Cunha, localizado na mesma cidade. Eles sofreram escoriações e mal-estar pela inspiração dos gases liberados no estouro. Dentro da companhia, os trabalhos começam a ser retomados de maneira gradual. De acordo com a siderúrgica, setores de manutenção constante, como despacho, laminação a frio e unigal, já voltaram às atividades. Por enquanto, os dois tanques próximos ao danificado continuam com as tarefas suspensas para garantir a segurança dos funcionários.

Explosão na Usiminas em Ipatinga: tudo que sabemos até agora

Quanto aos danos à população, a Usiminas ressaltou que monitora, ao lado dos órgãos competentes, a exposição da população aos gases dispersados na explosão. Até a manhã de ontem, a empresa não havia detectado qualquer risco ou anormalidade diante dessas condições.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad)  vistoriou o local em que ocorreu a explosão do gasômetro.  Durante a vistoria, a Semad solicitou à empresa a apresentação de laudo técnico que ateste que os equipamentos remanescentes têm condições físicas e mecânicas de funcionamento; que o incidente não comprometeu as estruturas necessárias à operação; e que a continuidade da operação é segura.  A retomada das atividades acontecerá após a apresentação do laudo técnico e adoção das medidas pertinentes.

"Após análise dos dados do Monitoramento Continuo da Qualidade do Ar e Metereologia de Ipatinga, registrados no Sistema do Centro Supervisório da Qualidade do Ar e Emissões da Feam, in loco, foi constatado que não houve alteração na qualidade do ar, no município, por consequência do acidente ocorrido nas dependências da Usiminas", informou a pasta por meio de nota. Os dados metereológicos indicaram que no momento e após o acidente as condições de dispersão dos gases na atmosfera estavam favoráveis.

A explosão se deu na tarde de sexta-feira, por volta das 12h40, em um tanque que armazena uma mistura de gases usados na produção de aço, chamada de gás de aciaria. O principal componente da mistura é o monóxido de carbono. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 12h45, quando brigadistas da Usiminas já orientavam os feridos, que foram encaminhados ao Hospital Márcio Cunha. Inicialmente, 30 pessoas foram hospitalizadas, mas, durante o dia, mais quatro se apresentaram à unidade de saúde. Ninguém ficou ferido gravemente, enquanto uma vítima sofreu um corte no rosto, em razão de um estilhaço.

O susto causou preocupação em Ipatinga. Moradores relataram ao Estado de Minas que o impacto resultou em grande barulho e que o chão "começou a tremer". Um deles disse que a explosão "parecia terremoto". De acordo com dados do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis/UnB), o tremor alcançou 1.8 na Escala Richter.


ATROPELAMENTO

Poucos minutos depois da explosão do gasômetro, o funcionário da empresa Elba, terceirizada da Usiminas, morreu atropelado. Segundo informações da Polícia Militar (PM), Alison Sebastião Alves, de 35 anos, estava em uma bicicleta e foi atingido por um veículo de passeio, modelo Vectra, na Avenida Kiyoshi Tsunawaki, localizada a cerca de quatro quilômetros da usina, em Ipatinga, no Vale do Aço.

De acordo com a PM, o condutor do carro, de 39, apresentava sinais de ingestão de álcool e fugiu do local da ocorrência. Ele foi encontrado e encaminhado à Delegacia de Polícia Civil de Plantão da cidade. O terceirizado da Usiminas chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Márcio Cunha, o mesmo onde os feridos da explosão estavam, mas não resistiu. Em nota, a empresa lamentou a ocorrência.


Por: Gabriel Ronan / "do Estado de Minas"


Bioenergia será parte da solução para transição energética mundial.

Conclusão é de relatório científico sobre bioenergia e sustentabilidade na América Latina e África. Documento foi lançado em evento na sede da FAPESP e pode ser acessado pela internet (foto: Felipe Maeda / Agência FAPESP)

Juntamente com outras fontes de energia renovável, como a eólica, a solar e a hidrelétrica, a bioenergia será uma das soluções que países da América Latina e da África poderão adotar para tornar suas matrizes energéticas mais limpas e mitigar os impactos das mudanças climáticas globais.

A avaliação é de um grupo de pesquisadores autores do relatório Bioenergia e Sustentabilidade: América Latina e África, lançado quinta-feira (09/08) durante o Workshop BIOEN-FAPESP RenovaBio: Ciência para a Sustentabilidade e Competitividade da Bioenergia, na sede da FAPESP.

O relatório contou com a contribuição de 154 pesquisadores de 31 países, membros do Comitê Científico para Problemas do Ambiente (Scope, na sigla em inglês), agência intergovernamental associada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O trabalho foi coordenado por integrantes dos programas FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA) e de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

"Todas as energias renováveis, como a hidrelétrica, a solar e a eólica, terão papéis fundamentais para fornecer eletricidade e substituir combustíveis fósseis na matriz energética brasileira e de outros países da América Latina e da África", disse Glaucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IB-USP) e membro da coordenação do BIOEN.

"Mas a bioenergia é uma opção especialmente interessante, uma vez que pode fornecer combustíveis que se encaixam na infraestrutura atual, usando recursos próprios dos países dessas regiões", disse.

Uma das vantagens da bioenergia em relação às outras energias renováveis é que a biomassa pode ser armazenada para produzir energia contínua em vez de intermitente, o que facilita o uso e a integração em redes elétricas não confiáveis. Além disso, a bioenergia pode ser implantada em escala na América Latina e fornecer segurança energética no setor de transporte em um curto período de tempo, segundo o relatório.

"Em um momento de transição energética pelo qual o mundo passa hoje, em que se tem buscado alternativas de fontes de energias renováveis e sustentáveis, que possibilitem diminuir as emissões de carbono, é preciso adotar soluções mais fáceis de serem implementadas. E a bioenergia é uma delas", disse Souza.

No Brasil, a substituição de 36% da gasolina por etanol de cana nas últimas quatro décadas mostrou a rapidez com que a transição para as renováveis pode ser feita. Atualmente, a cana-de-açúcar contribui com 17% da matriz energética do país e 25% das necessidades de gasolina. Além disso, isso pode ser expandido significativamente.

A produção brasileira de etanol até 2045 poderá deslocar até 13,7% do consumo de petróleo bruto e 5,6% das emissões de dióxido de carbono (CO2) do mundo em relação a 2014. Isso poderia ser alcançado sem o uso de áreas de preservação de florestas ou terras necessárias para sistemas de produção de alimentos no país, segundo o relatório.

"É possível combinar a preservação e recuperação florestal e a produção de matéria-prima para a bioenergia. As florestas armazenam 18 vezes mais carbono do que a cana-de-açúcar e a combinação de ambos, mais os aumentos esperados na produtividade devido à melhoria da tecnologia, provavelmente manteria a produção de etanol juntamente com os benefícios do uso sustentável da biodiversidade", destaca o documento.

A alta densidade de energia do etanol (cerca de 70% da gasolina) também ressalta o potencial do biocombustível para ser usado no transporte e ajudar a garantir uma transição rápida para uma matriz de energia renovável juntamente com a energia solar e a eólica, ainda sujeitas a desenvolvimento devido à falta de eficiência, ponderam os autores do relatório.

Líder na produção científica de bioenergia

"A bioenergia será uma parte da solução que o mundo adotará para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que necessitará de uma combinação de muitas maneiras de gerar energia, adequadas a cada região", disse, no workshop, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.

"Há lugares em que será possível plantar cana-de-açúcar, como no Brasil, na África e no Caribe. E outros que terão que gerar energia nuclear, fotovoltaico ou eólica. Não haverá uma solução única", disse.

De acordo com dados apresentados por Brito Cruz, todos os cenários sobre o futuro da energia no mundo, elaborados por entidades como a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), preveem o aumento do uso de biocombustíveis, especialmente em transporte.

A entidade estima que, em 2075, 35% dos veículos híbridos – com um motor de combustão interna e outro elétrico, por exemplo – utilizarão biocombustíveis.

"Há uma visão de que os carros puramente elétricos serão a opção para reduzir as emissões de carbono. Mas não se leva em conta de que os carros puramente elétricos terão que ser carregados, e a eletricidade para abastecê-los terá que ser produzida de alguma maneira", disse José Goldemberg, presidente da FAPESP.

Segundo Goldemberg, nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cerca de 90% da eletricidade é produzida a partir de carbono. E, além do Brasil, só há outros quatros países no mundo – Nova Zelândia, Noruega, Suécia e Islândia – onde mais de 40% da energia primária que utilizam é proveniente de fontes renováveis, destacou Brito Cruz.

"Isso é decorrente de todo um esforço de pesquisa e desenvolvimento em bioenergia feito no país nas últimas décadas", ressaltou Brito Cruz.

O Brasil hoje – e especialmente o Estado de São Paulo – lidera a produção científica sobre bioenergia, particularmente relacionada à cana-de-açúcar. Os pesquisadores brasileiros, vinculados em grande parte a universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo, publicam cerca de 120 artigos por ano relacionados à bioenergia, destacou Brito Cruz.

"Isso é resultado de investimento em pesquisa nessa área", avaliou. "A FAPESP financia milhares de projetos relacionados à bioenergia e já investiu R$ 150 milhões no Programa BIOEN, que atualmente tem 80 projetos de pesquisa em andamento e mobiliza mais de 300 cientistas, dos quais 229 são de São Paulo, 33 de outros estados e 52 do exterior", enumerou.


Por: Elton Alisson  / Agência FAPESP


O relatório Sustainable Bioenergy: Latin America and Africa pode ser acessado em: http://bioenfapesp.org/scopebioenergy/index.php/policy-brief/2018.