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quarta-feira, 29 de maio de 2019

Rio de Janeiro sedia fórum internacional de segurança alimentar.



A Prefeitura do Rio de Janeiro realiza, nos dias 29, 30 e 31 de maio, o 1º Fórum Regional das Cidades Latino-Americanas Signatárias do Pacto de Milão sobre Política de Alimentação Urbana.

O evento reunirá no Museu de Arte do Rio (MAR) especialistas de Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT), além de representantes de cidades da América Latina e da Europa, de iniciativas brasileiras e do Poder Executivo.

O objetivo do encontro é debater políticas alimentares seguras, inclusivas e sustentáveis, que envolvam questões como diversidade, respeito à natureza e minimização do desperdício. Palestras, mesas-redondas e workshops discutirão durante três dias temas como "Alimentação e identidade", "Território e sustentabilidade" e "Realizações e desafios dos sistemas de alimentação urbana da América Latina".

Mais de 70 especialistas estarão envolvidos nestes debates que incentivam a troca de experiências e o diálogo. Ao final do evento, as autoridades participantes assinarão a Declaração do Rio, um documento com compromissos gerais para uma aliança latino-americana das cidades signatárias do Pacto de Milão.

O Rio de Janeiro foi escolhido entre as 187 cidades signatárias do Pacto de Milão para receber o fórum pelo seu protagonismo no setor de segurança alimentar. Um dos destaques é o Programa de Restaurantes Populares que, desde a municipalização na atual gestão, já serviu 2,7 milhões de refeições com cardápio saudável a preços simbólicos nas unidades de Bangu, Campo Grande e Bonsucesso.

Outro exemplo bem-sucedido de política alimentar da Prefeitura do Rio de Janeiro é o Programa de Alimentação Escolar, que oferece diariamente 1,5 milhão de refeições saudáveis em unidades de ensino.

Já o Circuito Carioca de Feiras Orgânica gera trabalho e renda por meio do consumo de produtos saudáveis e sustentáveis e reúne mais de 200 pontos de venda e de consumo de produtos certificados.
O que é o Pacto de Milão

O Pacto de Milão sobre Política de Alimentação Urbana foi assinado em outubro de 2015 na cidade italiana que dá nome ao documento e representa um dos legados mais importantes da EXPO 2015, evento mundial cujo tema foi "Nutrir o Planeta, Energia para Vida".

O objetivo da iniciativa é criar uma rede de cidades comprometidas com o desenvolvimento e a implementação de sistemas alimentares sustentáveis. O Pacto estimula a troca de ideias e de sugestões sobre como abordar concretamente problemas comuns sobre temas que envolvam alimentação.

Estão previstas duas outras reuniões este ano. O 3º Fórum Regional das cidades signatárias africanas de língua francesa será realizado em Niamey, Níger, em junho. Em outubro será a vez de Montpellier, França, sediar o 5º Encontro anual das cidades signatárias do Pacto.

Sensor detecta monóxido de carbono e pode evitar casos de intoxicação.

Uso do dispositivo criado no Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais – um CEPID da FAPESP – pode se tornar obrigatório na Argentina, onde são registradas mais de 250 mortes anuais por inalação do gás tóxico (foto: CDMF)



Um sensor desenvolvido por pesquisadores do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) pode ajudar a evitar casos de intoxicação por monóxido de carbono (CO) – possível causa das mortes de seis turistas brasileiros ocorridas no Chile, na semana passada (22/05).

Esse tipo de acidente é comum em vários países em que se utiliza aquecimento a gás, incluindo o Brasil. Na Argentina, por exemplo, são registradas 250 mortes e 2 mil casos de intoxicação pelo gás tóxico todos os anos.

O dispositivo foi apresentado no dia 24 de maio durante o Simpósio de Pesquisa e Inovação em Materiais Funcionais, promovido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) pelo CDMF – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP.

Nas próximas semanas, o Congresso Nacional da Argentina vai votar um projeto de lei que torna obrigatória no país a inclusão do sensor em todos os aparelhos a gás para uso domiciliar. Em carta enviada na semana passada a Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, os deputados argentinos Eduardo Bucca e Fernanda Raverta, autores da norma, enfatizaram a importância do projeto no combate a intoxicações por CO e agradeceram o apoio da FAPESP.

"O sensor pode ajudar a evitar mortes por inalação de monóxido de carbono tanto nos países vizinhos como no Brasil, onde esse tipo de acidente é registrado principalmente na região Sul e, mais recentemente, no Nordeste, devido ao uso de aquecimento a gás", disse Elson Longo, diretor do CDMF e um dos autores do dispositivo, à Agência FAPESP. O projeto tem a participação de pesquisadores da UFSCar e das universidades Estadual Paulista (Unesp), campus de Guaratinguetá, de Mar del Plata, da Argentina, Jaime I, da Espanha, e de Ferrara, da Itália.

O dispositivo consiste em um circuito integrado, do tamanho de um chip, com um sensor eletrônico de CO e outro de metano, já desenvolvidos e patenteados pelos pesquisadores.

Os sensores são compostos por óxidos semicondutores, como de cério, em escala nanométrica (da bilionésima parte do metro). Em contato com o CO e outros gases, esses óxidos apresentam uma mudança de resistência, que é processada e interpretada pelo circuito eletrônico como um sinal para interromper o fluxo de gás no equipamento em que o sistema está instalado, como um aquecedor de água.

"O monóxido de carbono é produzido pela combustão incompleta do gás natural pela falta de oxigênio no ambiente. Por isso, ao detectar a presença de CO acima do limite de segurança, o sensor corta o fluxo de gás natural para o queimador", explicou Miguel Adolfo Ponce, professor da Universidade de Mar del Plata e um dos idealizadores do projeto.

De acordo com o pesquisador, a exposição a uma concentração de 0,02 partes por milhão (ppm) de CO não causa efeitos nocivos à saúde. Acima desse nível começa a causar sintomas perceptíveis, como sonolência e dor de cabeça. A exposição a 1.400 ppm de CO por uma hora é capaz de levar à morte.

Alguns fatores dificultam a detecção de CO no ambiente. O gás é incolor, insípido, inodoro e não irrita as mucosas. A única forma de percebê-lo é pela coloração da chama do queimador – se ela não estiver azulada, característica da combustão completa do gás natural pela quantidade correta de oxigênio, pode ser um indício de emissão de CO, afirmou Ponce.

Os aparelhos a gás responsáveis pela maior quantidade de acidentes domésticos por inalação de CO são os aquecedores de água para banho, causadores de 87% dos acidentes, seguidos pelos calefatores (8%) e fogões (5%), disse o pesquisador.

"O sistema que desenvolvemos pode ser facilmente instalado nesses equipamentos de combustão de gases tanto residenciais como comerciais", afirmou Ponce.

O dispositivo já gerou duas patentes e despertou o interesse de uma empresa argentina e outra brasileira, dispostas a fabricá-lo em conjunto.

Com base nessa tecnologia, os pesquisadores desenvolveram outro tipo de sensor que pode ser acoplado a um smartphone e é capaz de detectar e indicar a presença de CO não só pela mudança da resistência elétrica, mas também pela cor, e indicar o perigo por meio de um aplicativo.

"Esse sistema de monitoramento pode ser usado em minas, onde também são registradas mortes por intoxicação por monóxido de carbono", disse Longo.


Elton Alisson, de São Carlos | Agência FAPESP

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Oportunidade de trabalho.

Cidades latino-americanas criam aliança para melhorar gestão de recursos hídricos

Acesso a água e saneamento em espaços públicos é tema de desafio online para jovens. Foto: Banco Mundial/Allison Kwesell
Cidades latino-americanas discutiram desafios de gestão dos recursos hídricos frente às mudanças climáticas. Foto: Banco Mundial/Allison Kwesell



Os representantes das cidades concordaram que mesmo tendo características específicas, as soluções para garantir segurança hídrica nas megacidades podem ser compartilhadas. Participaram da conferência representantes de Bogotá, Buenos Aires, Cidade do México, Rio de Janeiro, São Paulo, Lima e Santiago.


Mais de 100 representantes de megacidades latino-americanas, de empresas de água e saneamento e de universidades reuniram-se em São Paulo (SP) nesta semana (7 e 8) em evento organizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para discutir desafios e soluções relacionados à gestão da água diante das mudanças climáticas.

O encontro também debateu a criação de uma Aliança Regional de Megacidades para a Água e o Clima. Participaram da conferência representantes de Bogotá, Buenos Aires, Cidade do México, Rio de Janeiro, São Paulo, Lima e Santiago.

"Estamos aqui hoje para criar uma plataforma de cooperação entre as megacidades para que elas encontrem juntas as soluções para a gestão dos recursos hídricos, que já se tornam escassos em grande parte delas, e para a mudança climática, que deixa o cenário ainda mais desafiador", disse o especialista do Programa Hidrológico Internacional da UNESCO, Alexandros Makarigakis.

"A ideia é que as megacidades descubram o poder que têm para resolver seus problemas em relação à sua mais básica segurança hídrica", completou.

O presidente do Sindicato Interdepartamental de Saneamento da Região Metropolitana de Paris (SIAAP, na sigla em francês), Joakim Giacomoni-Vincent, alertou que todos os países têm os mesmos problemas no que se refere às mudanças climáticas. "Há dez anos, estávamos falando sobre isso como um problema futuro, e agora estamos tendo que resolvê-lo".

No primeiro dia de evento, participantes discutiram os desafios atuais e futuros da mudança climática que impactam a segurança hídrica na região da América Latina e Caribe, os riscos para suas atividades econômicas e estabilidade social, e as possíveis soluções para essas questões. As megacidades participantes apresentaram seus sistemas de água e saneamento, desafios atuais, questões emergentes e formas de planejar e gerir a água no futuro.

Na opinião do diretor da Associação de Pesquisa e Governos Locais sobre Água (ARCEAU Île-de-France), Jean-Claude Deutsch, para além das características de cada megacidade, existem alguns pontos macros em comum, e a preocupação com os recursos hídricos é um deles.

Os representantes das cidades concordaram que mesmo tendo características específicas, as soluções para garantir segurança hídrica nas megacidades podem ser compartilhadas. Em São Paulo, por exemplo, por estar longe do mar, de lagos e de rios caudalosos, "a cidade acaba se tornando um grande laboratório de ideias para fornecer água segura para a população", explicou o secretário executivo de Relações Internacionais do município, Luiz Álvaro.

O diretor de regulação da ANA, Oscar Cordeiro Netto, disse acreditar que "a distribuição dos recursos hídricos é um desafio em todo o Brasil, pois apesar de termos abundância de água doce, grande parte da população está onde a água não está". Para ele, esse fato ainda pode se agravar e gerar conflitos, pois "a demanda por água deve aumentar 30% nos próximos 20 anos no país".

No segundo dia, um grupo restrito de especialistas conheceu melhor o funcionamento da Aliança de Megacidades para a Água e o Clima (MAWAC, na sigla em inglês) e discutiu o Termo de Referência para uma aliança regional na América Latina e Caribe.

Eles concordaram com a criação desta aliança e a ideia de que, daqui para frente, ela deve melhorar a Cooperação Sul-Sul entre as megacidades latino-americanas e caribenhas, nos campos relacionados a pesquisa, soluções técnicas, educação, informação e políticas públicas relacionadas à gestão hídrica.

Para o presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), Benedito Braga, os grandes impactos das mudanças climáticas se fazem sentir no setor dos recursos hídricos. "Seja pelas enchentes mais intensas e frequentes, seja pelas secas mais prolongadas e frequentes. A agenda da adaptação é fundamental e, nesse contexto, uma aliança para tratar do tema mudanças climáticas e água é extremamente importante".

"Soluções criativas e inovadoras, capazes de aglutinar meios e recursos para melhorar a vida nas megacidades devem estar nas nossas mesas de discussão. A aliança das megacidades se torna uma solução inteligente de ajuste da gestão hídrica aos cenários das mudanças climáticas", disse o secretário executivo do Comitê Gestor dos Serviços de Água e Esgoto da Capital Paulista, Marco Palermo.

O secretário-executivo da organização Governos Locais para a Sustentabilidade (ICLEI), Rodrigo de Oliveira Perpétuo, complementou dizendo que "a cooperação multinível e multi-atores é o caminho para o fortalecimento de uma aliança regional para a gestão das águas nas megacidades".

O evento foi realizado pela Sede da UNESCO, pelo Escritório Regional da UNESCO para Ciências na América Latina e Caribe (UNESCO em Montevidéu) e pelo Escritório da UNESCO no Brasil, no âmbito do Programa Hidrológico Internacional da UNESCO (IHP, na sigla em inglês). O encontro também serviu de preparação para a Conferência Internacional da MAWAC (EauMega 2020), que acontecerá na Sede da UNESCO, em Paris (França), no próximo ano.

ONU realiza evento em Brasília (DF) para o Dia Internacional contra a LGBTIfobia

Foto: ONU Brasil


O Sistema ONU no Brasil, juntamente a missões diplomáticas e representantes de governos, academia e da sociedade civil, reuniram-se na quarta-feira (15) em Brasília (DF) para lembrar o Dia Internacional contra a LGBTIfobia, ou IDAHOT na sigla em inglês, cujo lema deste ano é "Justiça e Proteção para Todas".


No evento, a campanha da ONU Livres & Iguais e parceiros lançaram o novo vídeo global sobre os direitos humanos das pessoas LGBTI, bem como o Manual de Replicação do Projeto Trans-Formação, iniciativa de formação de lideranças trans que já ocorreu duas vezes no Distrito Federal e agora acontece em Salvador (BA).

O IDAHOT foi organizado pela primeira vez em 2004 e é atualmente comemorado em mais de 100 países. A data marca a retirada da homossexualidade da classificação internacional de doenças (CID) pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2019, também celebra a retirada das identidades trans da lista de doenças e transtornos mentais da CID, um avanço para a justiça e a proteção dessa população.

Apesar dos avanços, as pessoas LGBTI ainda são frequentemente alvo de violências e crimes de ódio no mundo. No Brasil, de acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, houve em 2018 um aumento de 127% nas denúncias de homicídios de pessoas LGBTI.

Segundo dados de organizações da sociedade civil, uma pessoa é assassinada a cada 27 horas no Brasil por conta de sua orientação sexual ou identidade de gênero, colocando o Brasil no topo do ranking de países que registram mais agressões contra pessoas LGBTI.

O coordenador-residente da ONU no Brasil, Niky Fabiancic, lembrou que a comunidade LGBTI conquistou uma série de direitos importantes no Brasil nos últimos anos, como o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo gênero e, mais recentemente, a retificação do nome civil de pessoas trans sem a necessidade de qualquer intervenção cirúrgica e laudo médico.

Ele ressaltou, contudo, que em várias situações ainda falta muito para tornarmos efetivo o direito de não ser discriminado ou discriminada
simplesmente por amar alguém do mesmo gênero, por se reconhecer do gênero oposto ao que lhe foi atribuído ao nascer ou por suas características sexuais.

A campanha da ONU Livres & Iguais no Brasil lançou um vídeo global, no âmbito do IDAHOT 2019, com o objetivo de renovar o compromisso das Nações Unidas pela igualdade e dignidade de todos os seres humanos, independentemente da sua orientação sexual, expressão/identidade de gênero ou características sexuais.

No vídeo, ativistas LGBTI são retratados e retratadas como defensores e defensoras dos direitos humanos e do progresso contra a discriminação e o preconceito. O material foi disseminado com apoio das Campeãs da Igualdade da Livres & Iguais no Brasil.

Confira o vídeo na íntegra aqui.



Também foi lançado na quarta-feira o Manual de Replicação do Trans-Formação, um projeto-piloto desenvolvido pela ONU Brasil que visa a formação política o fortalecimento de pessoas trans, bem como de suas redes, promovendo articulação com instituições e espaços de
poder.

Duas edições-piloto já foram realizadas no Distrito Federal com o apoio de organizações da sociedade civil, da academia, do governo e do Ministério Público do Trabalho (MPT).

Na tentativa de registrar as experiências das duas primeiras edições do Trans-Formação, bem como guiar os processos de replicação do projeto em outras localidades — como a atual edição em Salvador e Região Metropolitana —, a ONU Brasil elaborou um Manual de Replicação do Trans-Formação.

Confira aqui o material.

UNFPA: direitos humanos são inerentes a todas as pessoas
Em comunicado para a data, a diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Natalia Kanem, disse que os direitos humanos são inerentes a todas as pessoas, sem distinção, que têm o direito a uma vida livre de violência, perseguição, discriminação e estigma.

"A violência generalizada, discriminação e exclusão enfrentadas pelas pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer e intersex (LGBTQI) e suas famílias em todo o mundo, constituem graves violações dos direitos humanos e impedem os esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e sua promessa de não deixar ninguém para trás", disse.

"Em várias partes do mundo, as relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo permanecem criminalizadas, expondo milhões de indivíduos ao risco de prisão e até de morte. A violência homofóbica e transfóbica ocorre em todos os contextos e cenários. Pessoas trans lutam para obter reconhecimento legal de sua identidade de gênero e enfrentam diariamente a discriminação e o estigma, seja no trabalho, na escola ou na tentativa de garantir serviços básicos de saúde, de moradia e outras necessidades", salientou.

O UNFPA, a agência de saúde sexual e reprodutiva das Nações Unidas, atende as necessidades específicas das pessoas LGBTQI. Em todo o mundo, apoia a saúde, a educação sexual e iniciativas de defesa que ajudam as comunidades marginalizadas e potencializam os jovens, incluindo os jovens LGBTQI, que muitas vezes são deixados para trás.

OIT: garantir justiça e proteção para as pessoas trabalhadoras LGBTI
O diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, disse que "se quisermos um futuro do trabalho centrado no ser humano, que não deixe ninguém para trás, devemos incluir as pessoas trabalhadoras LGBTI".

"Há 50 anos, eclodiram manifestações nas ruas de Nova Iorque, em protesto contra a discriminação e a violência que naquele momento era enfrentada pela comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Conhecidos como as manifestações de Stonewall, esses eventos são lembrados agora como um dos momentos históricos mais importantes na luta pelos direitos LGBTI", disse.

"Desde então, temos observado progressos significativos, com aproximadamente 80 países que aprovaram leis que proíbem a discriminação fundamentada na orientação sexual, identidade de gênero, expressão de gênero ou características sexuais. No entanto, o ritmo de avanço é muito lento e, em alguns casos, está retrocedendo. A realidade é que 50 anos depois das manifestações de Stonewall, muitas pessoas LGBTI continuam enfrentando níveis elevados de discriminação, violência, assédio, perseguição e estigma, inclusive no local de trabalho."

Ryder lembrou que, apesar de algumas leis e políticas progressistas, as pessoas trabalhadoras LGBTI com frequência se encontram sem proteção jurídica devido a seus custos proibitivos, procedimentos intermináveis, ou à falta de confiança no sistema. De fato, a essas pessoas é negada justiça e proteção.

"Se realmente quisermos um futuro do trabalho centrado no ser humano, que não deixe ninguém para trás, devemos incluir as pessoas trabalhadoras LGBTI. Adicionalmente, devemos garantir que as políticas e as leis não criminalizem as pessoas trabalhadoras LGBTI por causa de quem amam ou quem são."


Por: ONU no Br

Expansão desordenada aumenta risco de falta de água na macrometrópole paulista



Do total de 33 milhões de habitantes da macrometrópole paulista, 3,8 milhões vivem hoje em condições precárias. Essas pessoas estão distribuídas em 113 dos 174 municípios da área, que engloba as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Baixada Santista, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte, além das aglomerações urbanas de Jundiaí, Piracicaba e Bragança Paulista.

Estima-se que o território ocupado por essa parcela da população vivendo em condições precárias totalize 31,5 mil quilômetros e que esteja se expandindo em direção a áreas de mananciais e de preservação ambiental.

Essa ocupação urbana desordenada tem aumentado na região – que concentra 20% do patrimônio natural protegido do Estado de São Paulo – os riscos de escassez hídrica e as vulnerabilidades sociais e ambientais às mudanças climáticas.

A avaliação foi feita por pesquisadores participantes do "Fórum de Governança Ambiental da Macrometrópole Paulista", realizado em abril no Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP).

Organizado no âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP, o evento reuniu professores, pesquisadores e estudantes de pós-graduação com projetos em andamento sobre questões ambientais relacionadas à macrometrópole paulista.

"Ao analisar a distribuição populacional na região, é possível identificar um padrão de ocupação disperso e descontrolado associado à renda", disse Angélica Aparecida Benatti Alvim, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

"Há uma concentração de residências de pessoas de alta e média renda próximas aos principais centros urbanos, onde há disponibilidade de empregos e atividades de comércio, serviços, polos de alta tecnologia e infraestrutura de transporte. Já as moradias da população de baixa renda situam-se em assentamentos precários localizados, de modo espraiado, em áreas de maior fragilidade e de preservação ambiental", disse.

De acordo com a pesquisadora, as principais regiões em que tem sido observado o avanço de aglomerados urbanos precários em áreas de preservação ambiental são as metropolitanas de São Paulo, Campinas, Baixada Santista e Vale do Ribeira.

A ocupação desordenada dos mananciais contribui para maior escassez da água nas regiões mais populosas, especialmente na Região Metropolitana de São Paulo, e coloca também em risco a sustentabilidade de regiões vizinhas à macrometrópole, como é o caso da região do Vale do Ribeira. Segundo estudos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), as áreas mais populosas dessas regiões podem ter de emprestar água de outras regiões em um futuro próximo, afirmou Alvim.

"Também percebemos que áreas próximas à Serra do Japi, em Jundiaí, no Vale do Paraíba e no litoral norte de São Paulo têm sido pressionadas pela ocupação desordenada", disse.

Números subestimados

O último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que havia 2,1 milhões de pessoas morando em aglomerados subnormais (favelas) na Região Metropolitana de São Paulo. Já na Região Metropolitana da Baixada Santista havia 297 mil e, na de Campinas, pouco mais de 234 mil.

Esses 2,1 milhões de pessoas vivendo em condições precárias na Região Metropolitana de São Paulo estariam distribuídos em 596 mil domicílios. Desse total, 148 mil estariam situados às margens de córregos, rios e áreas de proteção permanente (APPs), 10 mil em áreas de preservação ambiental e quase 2 mil em aterros sanitários, lixões e outras áreas contaminadas, ainda de acordo com dados do IBGE. Porém, esses números podem estar subestimados.

Um estudo feito por pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP, revelou que há 1,1 milhão de pessoas a mais em situação de precariedade do que registraram os dados do último Censo Demográfico do IBGE. Com isso, o total ajustado passou a ser de 3,8 milhões de pessoas (leia mais em http://agencia.fapesp.br/19263).

"Essa disparidade nos dados censitários indicada pelo Centro de Estudos da Metrópole aponta para o surgimento de pequenos núcleos de favela na macrometrópole paulista", disse Lúcia Maria Machado Bógus, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coordenadora do Observatório das Metrópoles.

No município de São Paulo, por exemplo, o processo de favelização tinha revertido e, nos últimos anos, devido ao desemprego e à deterioração das condições de vida da população de baixa renda, tem se observado uma piora, disse a pesquisadora. "Isso também tem sido notado em outros municípios da macrometrópole paulista."

De acordo com Bógus, outro fenômeno de ocupação urbana recentemente observado na macrometrópole paulista é a interligação das periferias de municípios vizinhos.

"Hoje já não é mais possível se referir à periferia de São José dos Campos, por exemplo, sem lembrar que se vincula à expansão periférica de municípios vizinhos", disse. "Outro caso que merece destaque é o da cidade de Jundiaí, onde o processo de expansão das periferias, ligando municípios limítrofes, também é bastante evidente."


Elton Alisson:  Agência FAPESP

sábado, 18 de maio de 2019

Estudo indica potencial de vida em outros planetas da Via Láctea



Uma das condições que permitiram o surgimento e a manutenção da vida na Terra é o fato de o planeta ser geologicamente ativo, com terremotos e vulcões.

A atividade vulcânica, gerada pela movimentação das placas tectônicas sobre o manto terrestre (tectonismo) possibilita reciclar gases, como o dióxido de carbono, através do manto, da crosta, da atmosfera e dos oceanos. Dessa forma, contribui para tornar a Terra habitável ao manter a temperatura do planeta em condições ideais para a sobrevivência dos seres vivos, explicam os cientistas.

Um estudo feito por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sugere a existência de outros planetas rochosos na galáxia em que se encontra a Terra – a Via Láctea – com altas probabilidades de apresentarem tectonismo, o que aumenta a chance de também serem habitáveis.

Os resultados do trabalho, apoiado pela FAPESP, foram publicados no Monthly Notices of Royal Astronomical Society (MNRAS). O estudo tem a participação de pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e de outras universidades e instituições de pesquisa no Brasil e no exterior.

"Verificamos que há condições geológicas favoráveis para o surgimento e a manutenção da vida em exoplanetas rochosos, e que ela [a vida] pode estar espalhada por todo o disco da galáxia e ter se originado em qualquer época da evolução da Via Láctea", disse Jorge Luis Melendez Moreno, professor do IAG-USP e um dos autores do estudo, à Agência FAPESP.

Os pesquisadores determinaram os parâmetros superficiais, as massas e as idades de 53 gêmeas solares, situadas em diferentes pontos da Via Láctea. Além disso, analisaram a composição química dessas estrelas gêmeas solares – chamadas assim por terem temperatura, gravidade e composição química superficiais parecidas com as do Sol –, a fim de avaliar a possibilidade de existência de outros planetas rochosos em torno delas.

As análises foram feitas por meio de um espectrógrafo chamado HARPS, instalado no telescópio de 3,6 metros do Observatório de La Silla, do European Southern Observatory (ESO), no Chile. O equipamento registra o espectro eletromagnético de "cores" dos corpos celestes, dos comprimentos de onda mais curtos (ultravioleta) aos mais longos (infravermelho).

As análises indicaram que as estrelas apresentam grande abundância de tório – elemento radioativo com isótopos instáveis que, ao se romper, em razão da instabilidade atômica, se divide em isótopos menores que emitem energia, processo conhecido como decaimento radioativo.

A energia liberada pelo decaimento de isótopos instáveis, tanto de tório como de outros elementos radioativos, como urânio e potássio, dá origem à movimentação de magma (convecção do manto) e à atividade tectônica da Terra. Parte do calor interno do planeta é resquício do calor primordial da formação da Terra, mas pelo menos a metade da energia é devida ao decaimento radioativo.

Dessa forma, as concentrações iniciais desses elementos radioativos em um planeta rochoso contribuem de modo indireto para a habitabilidade em sua superfície, especialmente devido ao longo tempo de decaimento, em escalas de bilhões de anos, explicam os pesquisadores

"As concentrações de tório nas estrelas gêmeas indicam que há uma grande quantidade de energia disponível pelo decaimento desse elemento radioativo para manter a convecção do manto e o tectonismo em potenciais planetas rochosos que possam existir em torno de gêmeas solares", afirmou Rafael Botelho, doutorando em Astrofísica no Inpe e primeiro autor do estudo.

A abundância inicial de tório nas gêmeas solares foi comparada com as de ferro, silício – um indicador da espessura e massa do manto convectivo em planetas rochosos – e mais dois elementos pesados: o neodímio e o európio. As medidas indicaram que a razão tório-silício em gêmeas do Sol aumenta com o tempo, e que foi maior ou, no mínimo, igual ao valor solar desde a formação do disco da galáxia da Terra.

"Há indícios de que o tório também é abundante em gêmeas solares velhas. Isso significa que o disco da Via Láctea pode estar repleto de vida", disse André Milone, pesquisador do Inpe e orientador da pesquisa de Botelho.

O artigo Thorium in solar twins: implications for habitability in rocky planets, de R. B. Botelho, A. de C. Milone, J. Melendez, M. Bedell, L. Spina, M. Asplund, L. dos Santos, J. L. Bean, I. Ramirez, D. Yong, S. Dreizler, A. Alves-Brito e J. Yana Galarza, pode ser lido em academic.oup.com/mnras/article-abstract/482/2/1690/5134163?redirectedFrom=fulltext


Elton Alisson    Agência FAPESP

“Equidade de gênero na ciência é uma grande preocupação”, diz diretora da NSF



Aos 71 anos, a astrofísica France Córdova dirige a principal agência de fomento à pesquisa dos Estados Unidos e uma das mais importantes do mundo, a National Science Foundation (NSF), cujo orçamento anual ultrapassa os US$ 8 bilhões.

E este não é o único posto de liderança que ocupou em sua trajetória. Córdova foi a primeira mulher e a pessoa mais jovem a se tornar cientista-chefe da agência espacial Nasa e também a primeira reitora da Purdue University, no estado de Indiana.

A incursão no território até então dominado por homens não foi livre de obstáculos. Ainda criança, foi desencorajada pela escola e pela família a seguir carreira nas áreas conhecidas como STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics). Durante o ensino médio, precisou pedir autorização à direção do colégio que frequentava na Califórnia para assistir às aulas de Física, exclusivas para meninos.

Tornou-se bacharel em Inglês pela Stanford University em 1969, mesmo ano em que o homem chegou à Lua. O feito a motivou a seguir sua vocação e decidiu tornar-se astrofísica. Dez anos depois, concluiu o doutorado em Física pelo California Institute of Technology (Caltech) – foi uma de duas mulheres na classe de 18.

Trabalhou no Grupo de Astronomia Espacial e Astrofísica no Laboratório Nacional de Los Alamos, de 1979 a 1989, e chefiou o Departamento de Astronomia e Astrofísica na Pennsylvania State University, de 1989 a 1993. De 1993 a 1996, atuou como a principal interface entre a administração da Nasa e a comunidade científica.

Tornou-se chanceler da University of California em Riverside em 2002 e reitora da Purdue University em 2007. Foi nomeada para o Conselho de Regentes da Smithsonian Institution em 2009, do qual tornou-se presidente em 2012.

Em 2014, foi nomeada pelo presidente Barack Obama para comandar a NSF. Sob sua direção, a agência financiou o projeto Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory (LIGO), que detectou ondas gravitacionais pela primeira vez em 2015 – façanha premiada com o Nobel de Física em 2017.

Córdova esteve no Brasil entre os dias 1º e 3 de maio para participar da 8ª Reunião Anual do Global Research Council (GRC), que reuniu dirigentes de agências de fomento de 50 países nos cinco continentes. O encontro foi organizado em São Paulo pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo Consejo Nacional de Investigaciones Científicas e Técnicas (Conicet), da Argentina, e pela German Research Foundation (DFG), da Alemanha.

Na ocasião, concedeu uma entrevista à Agência FAPESP, na qual falou sobre os projetos da NSF para estimular a participação feminina na ciência. Disse também que a agência está discutindo o Plan S e outras iniciativas que visam promover o acesso aberto às publicações científicas. "Temos um período de embargo de um ano até que as publicações fiquem disponíveis para todos. Esta é a posição oficial da NSF no momento, mas não significa que isso não pode mudar."

Confira a seguir os principais trechos da conversa.

Agência FAPESP – A NSF usa dois critérios para o financiamento de projetos: "mérito intelectual", que é o potencial para avançar o conhecimento, e "impactos mais amplos", o potencial para beneficiar a sociedade. Mas, no caso da pesquisa básica, o impacto social e econômico nem sempre é possível de prever com antecedência, não?
France Córdova – Não é preciso adivinhar o impacto que a pesquisa terá em 10 ou 100 anos, até porque no caso da pesquisa movida por curiosidade [curiosity driven research] é difícil saber qual será o verdadeiro resultado. Mas é preciso demonstrar por que o projeto é importante para as pessoas. Cerca de 50% das propostas que recebemos mencionam impactos como aumentar a representatividade das mulheres ou de pessoas com baixo nível socioeconômico. Ou apresentam alguma estratégia para o treinamento da próxima geração. Todas as propostas devem incluir um plano indicando como os dados serão preservados e geridos e também um plano de impacto, que deve envolver escolas e buscar o alcance público.

Agência FAPESP – A senhora foi cientista-chefe da Nasa, foi a primeira mulher a dirigir a Purdue University e hoje dirige a agência de fomento com o maior orçamento do mundo. Isso significa que podemos considerar a equidade de gênero na ciência uma questão resolvida nos Estados Unidos? A NSF apoia programas para estimular a participação feminina na ciência?
Córdova – Equidade de gênero é uma grande preocupação nossa e temos várias ações em andamento. Há muitas áreas, incluindo a minha, Física, em que a representação feminina ainda é muito baixa. E também Engenharia e Matemática. O problema é menor nas Ciências Biológicas e Sociais. O panorama está mudando de forma constante e lenta. Temos um programa chamado Advance, que busca abordagens sistêmicas para aumentar a participação e o avanço das mulheres em carreiras STEM. A ideia é encorajar as mulheres a buscar postos de liderança nas universidades. Fui pesquisadora principal desse programa quando dirigia a Purdue University. Quando vim para a NSF teve início o programa Includes [acrônimo para "inclusão de comunidades de aprendizes de descobridores sub-representados em engenharia e ciência em toda a nação"], que envolve mais de 70 programas-piloto por todo o país com diferentes estratégias para ampliar a representação da mulher e de outras minorias. Abrange desde programas de computação para crianças pequenas até aumentar o número de faculdades e disciplinas em áreas estratégicas. Algumas das estratégias são lideradas por grupos comunitários, outras por universidades, fundações e sociedades científicas. Criamos uma rede para que esses projetos se comuniquem. Recentemente, concedemos um financiamento para que os participantes se reunissem para trocar experiências e aprender boas práticas uns com os outros. Nossa expectativa é que isso possibilite algo importante: o escalonamento dessas iniciativas, para que não morram quando o projeto acabar. Queremos descobrir como fazer projetos que se tornem de fato exemplos de boas práticas que outros possam facilmente copiar, de modo que floresçam em muitos outros lugares.

Agência FAPESP – Quais desafios a senhora teve de enfrentar para alcançar posições de liderança?
Córdova – Tenho a opinião de que todos temos desafios, não importa quem você seja ou qual trabalho está fazendo. Um motorista de caminhão enfrenta muitos desafios simplesmente para ir de uma parte a outra do país. Sempre há obstáculos. Sim, mulheres na área de ciência e tecnologia enfrentam tipos particulares de desafios. Quando você é um motorista, aprende com colegas de profissão em quais lugares não se deve parar, qual estrada pegar, qual é a melhor tecnologia para fugir do trânsito. Você aprende à medida que experimenta a estrada e encontra pessoas solícitas e capazes de dar boas orientações. E você aprende quais são os obstáculos e como outras pessoas superaram esses problemas. E então você tenta coisas novas: ou contorna o obstáculo ou tenta atravessá-lo. Mas, claro, tenho tido muitos desafios pelo caminho e algumas raras vezes encontrei pessoas apegadas à posição de poder. Mas sempre há quem possa te apoiar e é preciso aceitar essa ajuda.

Agência FAPESP – Qual é sua avaliação sobre a reunião do GRC e como as discussões realizadas durante o evento poderão ajudar as agências a desenvolver melhor seu trabalho?
Córdova – Eu já aprendi muito com o GRC. Esta é a sexta reunião de que participo e sempre faço mais amigos e aprendo muito. Em cada reunião escolhemos tópicos diferentes para discutir. O que o GRC faz melhor é reunir financiadores de pesquisa para conversar sobre os desafios comuns e quais soluções funcionaram bem. É muito interessante poder levar esse conhecimento para casa e discutir como aplicá-lo. Perguntei aos integrantes do governing board [conselhor diretor] como suas agências têm se beneficiado e eles disseram que as discussões do GRC permitem alavancar as ações que desenvolvem em seus países. Quando os participantes se reúnem e acordam sobre determinados princípios, como fizeram novamente este ano em relação à avaliação de impacto da pesquisa, realmente faz a diferença. É uma motivação para as agências seguirem nessa direção. O progresso da ciência depende de financiamento e as agências de fomento precisam ser capazes de demonstrar os benefícios da pesquisa para as pessoas que repassam os recursos.

Agência FAPESP – Um dos temas discutidos nesta reunião foi a questão do acesso aberto às publicações científicas. A senhora tem uma posição sobre o Plan S e outras iniciativas do tipo?
Córdova – Estamos seguindo a política estabelecida em 2016, sob a administração anterior. Temos um período de embargo de um ano até que as publicações fiquem com acesso aberto e disponível para todos. Esta é a posição oficial da NSF no momento, mas não significa que isso não possa mudar. O acesso aberto é uma questão importante e estamos discutindo.

Agência FAPESP – Na sua avaliação, este é um bom momento para fazer ciência, considerando que há pessoas em posição de poder que negam as mudanças climáticas e que movimentos anticientíficos, como o terraplanismo, ganham destaque?
Córdova – Definitivamente sim. Quanto mais elementos anticientíficos surgem, mais temos de acelerar a ciência. Não somos uma agência regulatória, não fazemos regras sobre o que fazer com a ciência e também não fazemos políticas públicas. A NSF é uma agência de fomento à pesquisa e a melhor forma de desfazer mitos e entender a verdadeira natureza das coisas é financiando pesquisas sobre o assunto. É com boa pesquisa que aprendemos como o mundo funciona.

Agência FAPESP – A NSF pode sofrer um corte de 12% em seu orçamento se o congresso dos Estados Unidos aprovar a proposta apresentada pelo presidente Donald Trump. Qual é sua expectativa em relação a isso e o que acontecerá se o corte for aprovado?
Córdova – Por enquanto, vamos esperar o congresso decidir. Estamos gratos pelo dinheiro que recebemos e sempre dizemos ao congresso que faremos o melhor com o que nos for dado. Mas, se aprovado o corte no orçamento, é claro haverá corte na atividade. Sempre buscamos ser mais eficientes e efetivos. Estamos fazendo mais parcerias, com empresas como Amazon e Boeing, por exemplo, o que expande nossa base de recursos. O governo e a indústria podem trabalhar juntos e as parcerias público-privadas podem ser profundas. Não visar apenas ao lucro, mas também fazer avançar certas áreas de pesquisa importantes para o país. Mas isso não substitui o financiamento público, é apenas parte de nosso portfólio. As empresas buscam retorno no curto prazo, precisam dar satisfação e rentabilidade aos acionistas. Em nosso caso, muitos de nossos acionistas nem sequer nasceram. São nossos netos e bisnetos que vão se beneficiar da pesquisa que estamos conduzindo hoje. Boa parte de nosso portfólio é composta por pesquisa movida por curiosidade e nem temos ideia de quais descobertas vão surgir a partir delas ou quanto tempo levaremos para nos beneficiar com os resultados.

*Com Bruno de Pierro, da revista Pesquisa FAPESP.

Karina Toledo  |  Agência FAPESP