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quinta-feira, 28 de maio de 2020

OIT: um em cada seis jovens do mundo está sem trabalho devido à COVID-19.

Mais de um em cada seis jovens deixou de trabalhar desde o início da pandemia da COVID-19 no mundo, enquanto os que mantiveram o emprego tiveram uma redução de 23% nas horas de trabalho, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Segundo a quarta edição do relatório "Monitor OIT: COVID-19 e o mundo do trabalho" (ILO Monitor: COVID-19 and the world of work: 4th edition), os(as) jovens estão sendo desproporcionalmente afetados(as) pela pandemia e o aumento significativo e rápido do desemprego juvenil observado desde fevereiro está afetando mais as mulheres do que os homens.

A pandemia causa um triplo choque na população jovem. Não só destrói o seu emprego, mas também a sua educação e seu treinamento, e coloca grandes obstáculos no caminho de quem procura entrar no mercado de trabalho ou mudar de emprego.

Em 2019, a taxa de desemprego juvenil de 13,6% já era maior do que a de qualquer outro grupo. Havia cerca de 267 milhões de jovens que não trabalhavam, não estudavam nem estavam em treinamento em todo o mundo.

As pessoas entre 15 e 24 anos que estavam empregadas também tinham maior probabilidade de estar em formas de trabalho que as deixavam vulneráveis, como ocupações mal remuneradas, trabalho no setor informal ou como trabalhadores(as) migrantes.

"A crise econômica da COVID-19 está afetando os jovens – especialmente as mulheres – com mais força e rapidez do que qualquer outro grupo. Se não tomarmos medidas imediatas e significativas para melhorar a sua situação, o legado do vírus poderá nos acompanhar durante décadas", disse Guy Ryder, diretor-geral da OIT.

"Se seu talento e energia são marginalizados devido à falta de oportunidades ou à falta de habilidades, isso prejudicará o futuro de todos nós e tornará muito é mais difícil reconstruir uma economia melhor pós-COVID."

A quarta edição do ILO Monitor pede a adoção de respostas políticas urgentes, em grande escala e direcionadas a apoiar a população jovem, incluindo programas abrangentes de garantia de emprego/formação nos países desenvolvidos, programas intensivos de emprego e garantias nas economias de baixa e média rendas.

Testes e rastreamento compensam

Esta nova edição analisa ainda medidas voltadas para a criação de um ambiente seguro para o regresso ao trabalho. O relatório sustenta que testes e rastreamento rigorosos (TR) das infecções pela COVID-19 "estão fortemente relacionados com uma menor interrupção do mercado de trabalho (…) e com perturbações sociais consideravelmente menores do que as resultantes das medidas de confinamento e de lockdown".

Em países com uma forte capacidade de realização de testes e rastreamento, a queda média na horas de trabalho é reduzida em até 50%. Há três razões para isso: testes e rastreamento reduzem a necessidade de aplicar medidas estritas de confinamento; fomentam a confiança da sociedade, incentivando assim o consumo e apoiam o emprego; e ajudam a minimizar interrupções operacionais no local de trabalho.

Além disso, os testes e o rastreamento podem, por si só, criar empregos, ainda que temporários, que podem ser direcionados para os(as) jovens e outros grupos prioritários.

A nova edição do relatório destaca a importância de gerir as preocupações com a confidencialidade de dados. O custo é igualmente um fator a ser considerado, mas a relação custo-benefício dos TR é "altamente favorável".

"Criar uma forte recuperação do emprego que promova igualmente a equidade e a sustentabilidade significa fazer com que as pessoas e as empresas voltem a trabalhar o mais rapidamente possível, em condições seguras", afirmou Ryder. "Testes e rastreamento podem ser uma parte importante do pacote de políticas, se quisermos combater o medo, reduzir os riscos e fazer com que as nossas economias e sociedades voltem a funcionar rapidamente".

Perda de horas de trabalho

A quarta edição do ILO Monitor também atualiza as estimativas com relação à perda de horas de trabalho no primeiro e segundo trimestres de 2020, em comparação com o quarto trimestre de 2019.

Estima-se que foram perdidas 4,8% das horas de trabalho durante o primeiro trimestre de 2020 (o equivalente a cerca de 135 milhões de empregos em horário integral, tendo como referência uma semana de trabalho de 48 horas).

Isto representa uma ligeira revisão ascendente de cerca de 7 milhões de postos de trabalho desde a terceira edição do ILO Monitor. O número estimado de postos de trabalho perdidos no segundo trimestre mantém-se inalterado em 305 milhões.

Do ponto de vista regional, as Américas (13,1%) e a Europa e Ásia Central (12,9%) apresentam as maiores perdas em horas trabalhadas no segundo trimestre.

O Monitor da OIT reitera seu apelo pela adoção de medidas imediatas e urgentes para apoiar trabalhadores, trabalhadoras e as empresas alinhadas com os quatro pilares da estratégia da OIT: estimular a economia e o emprego; apoiar empresas, o emprego e a renda; proteger trabalhadores e trabalhadoras no local de trabalho; recorrer ao diálogo social para a busca de soluções.


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