O cantor e ativista ambiental Lenine. Foto: Wikimedia Commons/Andréa Farias Farias
Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente, data que simboliza a oportunidade de repensarmos a nossa relação com a natureza. Com este objetivo, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) se uniu ao Museu do Amanhã para promover encontros virtuais repletos de ideias, trocas e inspirações.
Às 17h, o cantor e ativista ambiental Lenine tocará os clássicos de sua carreira no canal do Youtube do Museu do Amanhã e do PNUMA. Ele irá intercalar músicas e conversas com o curador do Museu do Amanhã, Luiz Alberto Oliveira, abordando questões como a importância da arte e da ciência em tempos de pandemia, e a possível relação, para ele, da criação musical com a criação de orquídeas.
Botânico autodidata, colecionador de orquídeas (ou "orquidoido", como prefere) e apoiador engajado de grupos socioambientais, Lenine conta que transformou a música em uma ferramenta de conscientização para causas que defende.
"O meu fazer música sempre esteve atrelado ao desejo de ser repórter do meu tempo. As questões que me comovem e que me incomodam sempre foram a matéria do que componho e canto. O meio ambiente sempre esteve presente nas minhas atenções."
Para aquecer as reflexões do Dia Mundial do Meio Ambiente, PNUMA e Museu do Amanhã reuniram na quinta-feira (4) Rosiska Darcy, Sebastião Salgado e Fábio Scarano em uma conversa sobre meio ambiente, ser humano e os futuros possíveis que desejamos construir.
Durante o bate-papo "Hora da Natureza: reflexões sobre o amanhã", o fotógrafo iniciou com uma fala contundente sobre a relação da humanidade com a natureza e pediu um "retorno espiritual ao planeta".
"A história da humanidade é uma história de predação. Urbanizamos quase todas as cidades, mas chegamos no ponto máximo, um ponto de quase não retorno. Nos transformamos em 'aliens' em nosso planeta, e hoje um vírus, um micro-organismo, se transformou numa potência colossal. Precisamos agora fazer um esforço muito grande para retornar ao planeta, porque ele não é mais capaz de aguentar nosso alto nível de consumo", conclamou Salgado.
Rosiska Darcy lembrou que a noção de sustentabilidade e de que os recursos da natureza não são renováveis "jamais entraram no espírito das pessoas" e no nosso estilo de vida. Ela apontou como um dos sintomas dessa afirmação a relação que criamos com o nosso tempo.
"O tempo é recurso não renovável e que nem homem mais rico do mundo não compra, porque a morte não vende. Tratamos o tempo como se fosse possível viver em múltiplas vidas, que não cabem nas 24 horas do dia, que extrapolam o amanhã e que são, por essa impossibilidade, fonte terrível de estresse e depressão. Ora, insistimos em viver vidas insustentáveis. Com a pandemia, a máquina do mundo parou, o vírus pôs a humanidade em carne viva e a flecha do tempo se inverteu."
Os dois apontaram que a alternativa para a humanidade é agir para preservar a natureza, restabelecendo o diálogo entre as pessoas, o cuidado com as espécies e com as comunidades.
Professor de Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fábio Scarano ressaltou a importância da combinação entre a regeneração da natureza com a própria regeneração da humanidade, o que a crise do coronavírus vem para corroborar.
"A crise da biodiversidade provocada pelas mudanças climáticas veio ao encontro de uma crise humanitária e sanitária que impõe para todos o surgimento de um novo normal, no qual precisamos nos reconectar com a natureza."
Em um contexto de pandemia global, que reafirmou a interdependência entre saúde humana e saúde do planeta, e tendo quase 1 milhão de espécies ameaçadas de extinção, é hora de refletir sobre o que nos trouxe até aqui e de agir pela natureza, defende a representante do PNUMA, Denise Hamú.
"Estamos vivendo uma crise sem precedentes, em todas as dimensões. Temos que fazer diferente como indivíduos e realizar muito mais como sociedades. Fenômenos recentes têm nos alertado para a profunda interdependência de todos os seres na teia da vida."
"Nós, humanos, sofremos cada vez mais diretamente as consequências da destruição de habitats, que ultrapassam fronteiras físicas e políticas, por exemplo. A natureza está nos mandando uma mensagem. Por isso, neste Dia Mundial do Meio Ambiente, o PNUMA convida cada pessoa a reiniciar sua relação com a natureza e refletir sobre como podemos, como indivíduos e como sociedade, reconstruir um mundo diferente no pós-pandemia."
Para Ricardo Piquet, diretor-presidente do IDG, instituto que faz a gestão do Museu do Amanhã, a maneira como a humanidade tem avançado sobre os recursos naturais é uma das causas para a emergência dessa nova pandemia.
"Essa crise nos trouxe muitos desafios e um deles é reforçar a importância de agirmos para evitar as consequências das mudanças climáticas no planeta. Portanto, devemos refletir sobre como estamos lidamos com o meio ambiente e aproveitar a oportunidade para transformarmos a nossa forma de viver, de consumir e passar a respeitar os limites da natureza", defende Piquet.
O Dia Mundial do Meio Ambiente é a principal data das Nações Unidas para impulsionar a sensibilização e encorajar ações em todo o planeta em prol da proteção ambiental, incentivando governos, empresas, organizações e indivíduos a concentrarem seus esforços em uma questão ambiental premente.
Em 2020, o tema é biodiversidade e a Colômbia, em parceria com a Alemanha, é o país anfitrião. Devido à pandemia de COVID-19, toda a programação será realizada virtualmente. Para saber mais, acesso o site do Dia Mundial do Meio Ambiente 2020 aqui.
Serviço
O quê: Papo Musical Lenine
Onde: Canal do Youtube do Museu do Amanhã e do PNUMA
Quando: 5 de junho
Hora: 17h (horário de Brasília)
PNUMA
Roberta Zandonai
(61) 3038-9231
roberta.zandonai@un.org
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
unenvironment.org/pt-br/regions/america-latina-e-caribe-brasil
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sexta-feira, 5 de junho de 2020
No Brasil, Dia Mundial do Meio Ambiente terá bate-papo com Lenine e curador do Museu do Amanhã
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