
Texto para dar distância entre figuras
Digital Radio e Tv
Outras páginas 2
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Graciliano Ramos: memória e militância

– Graciliano Ramos (1892 – 1953) foi preso em Maceió em 1936, quando o governo de Getúlio Vargas investiu contra a esquerda, em resposta aos levantes comunistas de 1935. Enviado ao Recife e transferido no porão de um navio para o Rio de Janeiro, o autor de Vidas Secas permaneceu 11 meses na Casa de Detenção e na Colônia Correcional de Dois Rios, na Ilha Grande, sem qualquer processo ou acusação formal. Deixou a prisão em 1937, graças à pressão de José Lins do Rego e de José Olympio, entre outros intelectuais. No mesmo ano, esboçou algumas notas sobre a sua experiência de cadeia.
"Mas, de fato, ele só retomou a redação de Memórias do Cárcere em 1946, um ano depois de ter ingressado no Partido Comunista Brasileiro (PCB) a convite de Luiz Carlos Prestes", disse Fabio Cesar Alves, autor de Armas de Papel: Graciliano Ramos, as Memórias do Cárcere e o Partido Comunista Brasileiro, em que analisa, do ponto de vista da crítica literária, a obra memorialística de Graciliano Ramos. O livro foi publicado com apoio da FAPESP.
Em Memórias do Cárcere, enfatiza Alves, a narrativa já engajada do autor de Caetés (1933) e São Bernardo (1934), entre outros romances, ganhou força e uma nova dimensão com a experiência de militância. "Ao mesmo tempo em que funde a experiência pessoal e a ficção, suas reminiscências revelam forte intervenção intelectual e acurada análise política e partidária da vida nacional."
Ao longo dos quatro volumes de Memórias, fundem-se as vozes do prisioneiro e do escritor, em uma espécie de "exumação" seletiva do passado e da experiência no cárcere com vistas ao debate político.
"Não se trata apenas de um libelo contra a opressão varguista, mas de um relato pessoal, sujeito à elaboração ficcional e filtrado pelo momento histórico do militante que rememora", disse Alves.
Em Armas de Papel, o professor de Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo (USP) desvenda essa característica marcante da obra de Graciliano Ramos inscrevendo o texto literário no contexto histórico, político e social do país, procurando compreendê-lo à luz dos dilemas vivenciados pela intelectualidade brasileira nos anos 1940.
"A análise é centrada na forma literária criada pelo autor. Para analisá-la, no entanto, faz-se necessário recorrer à história e à ciência política, procurando perceber como esse material 'externo' se torna agente da estrutura composicional, lançando mão do que Antonio Candido denomina 'crítica de vertentes'", disse.
O narrador "crispado"
De Candido, crítico literário e professor emérito da USP e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Alves empresta também o conceito de "crispação" para captar a dinâmica narrativa.
"O narrador relata um episódio, retrai-se e analisa a si próprio, procurando entender as reverberações e implicações dos acontecimentos, inclusive no momento da escritura. Por isso, em lugar de exibir apenas uma trajetória factual, a narrativa dá figuração às crises de consciência a partir do que o escritor vivenciou e que ressurgem como questões decisivas para o sujeito situado no presente", disse.
Assim, "em lugar da simples exposição das relações sociais entrevistas no cárcere, Graciliano oferece a interiorização e a vivência subjetiva dessas mesmas relações, sem perder a visada crítica sobre as questões mais amplas da luta política, das discussões nos quadros partidários, das questões da sociabilidade brasileira, entre outras tantas", disse.
O relato formaliza, segundo Alves, a experiência histórica dos intelectuais de esquerda dos anos 1940, "quando a palavra de ordem era prudência e lucidez para evitar o risco de reproduzir o discurso ortodoxo". Reflexões sobre o caráter parcial da justiça brasileira, o estado de exceção transformado em rotina na periferia do sistema, os resquícios da mentalidade patriarcal e discricionária do escritor vêm à tona acompanhados de um severo e doloroso exame de consciência, sempre com vistas à discussão política.
O complexo quadro em que se insere o livro e o caráter híbrido do texto fizeram com que a interpretação das Memórias quase sempre fosse um problema para os críticos. "Separando de maneira estanque as esferas do real e do imaginário, sem discutir justamente a relação entre elas, diversos estudos sobre as Memórias subjugam o que parece uma condição necessária para o entendimento não apenas dessa obra, mas de toda a produção do escritor: o trânsito entre ficção e experiência pessoal", escreveu Alves.
Quem melhor apreendeu a "estrutura compositiva" da obra foi Antonio Candido, em Ficção e confissão. "O crítico mostrou a presença de uma constante na produção de Graciliano: a dualidade entre o equilíbrio do sujeito e os seus impulsos interiores", disse Alves. Essa dualidade se revela, nas palavras de Candido, por meio da "lucidez que procura dar forma ao caos". No caso das Memórias, a lucidez se mostra na recriação do passado, quando o militante "revisita" o prisioneiro.
Intérprete do Brasil
Armas de Papel tem como base a tese de doutoramento de Alves em Teoria Literária e Literatura Comparada na USP sob orientação de Ivone Daré Rabello.
"O fascínio por Graciliano começou em meu trabalho de iniciação científica, quando travei contato com a documentação sobre o autor disponível no Arquivo Graciliano Ramos do Instituto de Estudos Brasileiros da USP (IEB)", disse.
O acervo do IEB – que reúne cartas, crônicas, críticas colecionadas pelo autor e sua esposa e, inclusive, os manuscritos de Memórias e dos romances – ajudou Alves a elucidar a obra. "Percorri, também, arquivos do Rio de Janeiro, da Bahia e do interior de São Paulo, a fim de coligir o material, muitas vezes inédito, que foi reproduzido no livro."
A capacidade de Graciliano de "entender" o país, que aparece com força em Memórias, faz com que Alves elenque o autor entre os "intérpretes do Brasil", ao lado de Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda: "A visão de Graciliano, bem como o alcance de suas formulações, se aproximam do que de melhor a intelectualidade brasileira de esquerda produziu no século XX".
Alves segue estudando a obra de Graciliano e, mais recentemente, a de Carlos Drummond de Andrade. Do poeta e cronista mineiro, que também se aproximou do PCB, analisa A Rosa do Povo, publicada em 1945.
Armas de Papel: Graciliano Ramos, as Memórias do Cárcere e o Partido Comunista Brasileiro
Autor: Fabio Cesar Alves
Editora: editora 34
Ano: 2016
Páginas: 336
Preço: R$ 59,00
Mais informações: http://www.editora34.com.br/detalhe.asp?id=915
Por: Claudia Izique | Agência FAPESP
Correios Celular será uma operadora para a classe D.
A operadora móvel virtual (MVNO, na sigla em inglês) dos Correios será lançada em fevereiro e se chamará Correios Celular. Seu foco estará nas classes C e D, tendo como diferencial a oferta de um plano simples e fácil de entender, aliado à confiança que esse público deposita na marca da empresa e à capilaridade de distribuição, com 12 mil agências espalhadas por todo o Brasil, explica Ara Minassian, coordenador do projeto Correios Celular. Além disso, a operação terá elementos de promoção de inclusão social e digital, cujos detalhes serão revelados quando do lançamento oficial da MVNO, daqui a um mês. Nessa primeira fase serão vendidos apenas planos pré-pagos, cujo chip e a recarga poderão ser comprados nas agências dos Correios. O lançamento será gradual, avançando aos poucos pelo Brasil. A meta é atingir 1 milhão de assinantes ao fim de 2017.
"Meu foco são as classes C e D, mas principalmente a D. Se for bem sucedido, a E vai entrar a reboque", afirma Minassian. E acrescenta que pessoas que hoje não têm celular também estão na mira da empresa. "Os Correios têm 12 mil pontos de venda. Se comercializarmos 1 chip por dia em cada ponto, 1 milhão de usuários será pouco. Estamos preparados para prestar um bom serviço para uma base entre 1 a 1,2 milhão de pessoas. Se conseguirmos 2 milhões este ano será preocupante", avalia o executivo.
Apesar de ter como público alvo as camadas sociais de menor renda, a Correios Celular não pretende entrar em guerra de preços com as demais operadoras. "Nossos diferenciais serão a simplicidade, a transparência para o cliente e a proximidade, com as nossas agências. E queremos promover a cidadania, levando inclusão digital e social para as classes D e E", revela o executivo. Um focus group realizado pela empresa deixou claro que os brasileiros, de todas as idades, não confiam nas operadoras e estão insatisfeitos com o serviço de telefonia celular porque não entendem como gastam seus créditos. "A oferta de um serviço simples é um dos nossos pilares. O usuário precisa saber o que está consumindo", argumenta. A ideia é deixar muito clara as quantidades de minutos, de Gigabytes e de mensagens de texto contidas no plano. Chamadas on-net e off-net terão o mesmo preço, ressalta. Não haverá comercialização de serviços de valor adicionado (SVAs), pelo menos nesse primeiro momento.
A força da marca dos Correios é também um ativo da empresa e foi um dos motivadores para a entrada no concorrido mercado de telefonia celular. "A família, o Corpo de Bombeiros e os Correios estão entre as instituições que mais gozam de confiança no Brasil", afirma.
Rede
A Correios Celular será a uma operadora móvel virtual no regime de credenciada. Ela está associada a outra operadora, a EUTV, que cuidará de todos os sistemas operacionais e de billing. Os Correios se encarregarão do marketing e das vendas. Para fins regulatórios, os assinantes da Correios Celular serão, na verdade, assinantes da EUTV.
(Atualização: Ao contrário do que foi originalmente publicado, a Correios Celular não é a primeira MVNO no regime de credenciada. Desde outubro de 2015 existe no modelo de credenciada a Mais AD, MVNO em parceria com a igreja evangélica Assembleia de Deus e operada pela Movttel.)
A EUTV tem uma licença na faixa de 2,5 GHz para operar telefonia celular em São Paulo e um acordo para uso da rede da TIM com abrangência nacional. Ela é conhecida pela sua atuação como MVNE, fornecendo a plataforma para outras operadoras virtuais, como a Veek, cujo lançamento comercial está previsto para março.
No modelo de credenciada, quem presta contas junto à Anatel é a EUTV. Se um dia a agência abrir um PADO (Procedimento de Apuração de Descumprimento de Obrigações), será para a EUTV, não para os Correios. De todo modo, os Correios precisam atentar ao cumprimento das regras de telecomunicações e também do Código de Defesa do Consumidor. Detalhes sobre a divisão da receita da Correios Celular entre EUTV e Correios não foram divulgados.
Fonte: mobiletime
Fernando Paiva
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
Ter o nome e o número de celular publicados sem autorização em um site de classificados gera indenização
Imagem: arquivo
Ter o nome e o número de celular publicados sem autorização em um site de classificados gera indenizado que deve ser paga pela empresa que administra a página
Este é o entendimento do 1º Juizado Especial Cível de Brasília, que condenou um site a pagar indenização de R$ 3 mil, por danos morais, a uma pessoa prejudicada pelos serviços de classificados online da empresa. O valor deverá ser acrescido de correção monetária a partir da sentença, e juros de 1% ao mês a contar da citação.
Para o juiz que analisou o caso, cabe ao fornecedor de serviços evitar que terceiros possam utilizar dados inexatos para publicar anúncios. Além disso, ressaltou que ficou provado que o autor tentou esclarecer o equívoco bem como solicitou a suspensão do anúncio.
O autor entrou com a ação após verificar a existência de anúncio na página em seu nome, oferecendo diversos empregos. Por esse motivo, alegou que passou a receber ligações de pessoas interessadas no anúncio, o que prejudicou suas atividades laborais. Ele sustentou que nunca disponibilizou seus dados para o site.
Defeito no serviço
O site não negou a existência do anúncio, nem dos dados do autor, e sustentou que não praticou qualquer ato ilícito. No entanto, o juiz que analisou o caso relembrou, conforme o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, que "o fornecedor de serviços responderá, de forma objetiva, ou seja, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços".
Não houve dúvidas sobre o evento e o resultado danoso, ambos confirmados pela própria parte requerida. Segundo o juízo, a dúvida era a existência do nexo de causalidade, uma vez que o requerido argumentou que presta informações claras aos consumidores no sentido de ser vedada a "utilização desautorizada de dados de terceiros nos anúncios publicados no site".
O magistrado lembrou que a simples falha na prestação dos serviços, em princípio, não gera indenização por danos morais. No entanto, nesse caso, considerou que houve inequívoca ofensa aos direitos inerentes à personalidade do autor uma vez que sabidamente recebeu inúmeras ligações em seu celular, sofrendo considerável perturbação em sua rotina diária.
O valor da indenização foi fixado em R$ 3 mil pelo juízo, atendendo aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e em consideração à capacidade econômica das partes, gravidade do fato e extensão do dano gerado.
Jurisprudência vem do papel
Em 2012, um jornal impresso foi condenado a indenizar uma mulher, por ter colocado por engano seu telefone em um anúncio que oferecia serviços sexuais. "Sendo o réu responsável pela edição do jornal, responde, sim, por eventuais erros, não havendo que se atribuir a terceiros a responsabilidade pelo evento danoso", disse na decisão o desembargador-relator Ivan Balson Araujo, da 10º Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ-DF.
Fonte: CONJUR.
Leonardo Castro, Advogado.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Biópsia Líquida: O futuro da oncologia
felipeades publicou: "Quando existe uma suspeita de câncer o principal exame para confirmar o diagnóstico é a biópsia. Este procedimento consiste da retirada de um pequeno pedaço do tumor para a análise em laboratório. O método para a retirada deste pequeno fragmento do tum"
|
OIT estima que desemprego global terá aumento de 3,4 milhões em 2017

Foto: USP/Marcos Santos
O crescimento econômico segue decepcionante e os déficits de trabalho decente persistem, segundo novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A taxa mundial de desemprego deverá subir moderadamente de 5,7% para 5,8% em 2017, o que representa um aumento de 3,4 milhões de pessoas desempregadas, afirma o novo relatório lançado hoje pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), "Perspectivas sociais e do emprego no mundo – Tendências de 2017".
Em 2017, a OIT prevê que o número de pessoas desempregadas no mundo inteiro chegue a pouco mais de 201 milhões, com um aumento adicional de 2,7 milhões previsto para 2018, já que o ritmo de crescimento da força de trabalho supera o de criação de empregos.
"Estamos enfrentando um desafio duplo: reparar os danos causados pela crise econômica e social mundial e criar empregos/trabalhos de qualidade para as dezenas de milhões de pessoas que entram no mercado de trabalho a cada ano", afirmou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
"O crescimento econômico segue decepcionante e é menor do que o esperado, tanto em nível quanto em grau de inclusão. Isso delineia um quadro preocupante para a economia mundial e sua capacidade de criar empregos suficientes, muito menos empregos de qualidade.
A persistência de altos níveis de formas vulneráveis de emprego, associadas a uma evidente falta de avanços na qualidade dos empregos – mesmo em países onde os números agregados estão melhorando – é alarmante. Temos de garantir que os ganhos do crescimento sejam compartilhados de forma inclusiva", acrescentou ele.
O relatório mostra que as formas vulneráveis de trabalho – como trabalhadores familiares não remunerados e trabalhadores por conta própria – devem constituir mais de 42% da ocupação total, ou seja, 1,4 bilhão de pessoas em todo o mundo em 2017.
"Na verdade, nos países emergentes quase um em cada dois trabalhadores se insere num emprego vulnerável e, nos países em desenvolvimento, mais de quatro em cada cinco trabalhadores", disse o economista sênior da OIT e principal autor do relatório, Steven Tobin.
Portanto, estima-se que o número de trabalhadores em trabalhos vulneráveis aumentará em 11 milhões a cada ano, com o Sul da Ásia e a África Subsaariana sendo as regiões mais afetadas.
Tendências regionais contrastantes
Os autores também alertam que os desafios do desemprego são particularmente graves na América Latina e no Caribe, onde as cicatrizes da recente recessão continuarão a ter um grande efeito em 2017, assim como na África Subsaariana, que registrou seu nível de crescimento mais baixo em duas décadas. Em ambas regiões se observa um forte aumento da população em idade de trabalhar.
Por outro lado, o desemprego deve diminuir em 2017 nos países desenvolvidos, reduzindo sua taxa de 6,3% para 6,2%. No entanto, o ritmo do progresso está desacelerando e há sinais de desemprego estrutural.
Na Europa e na América do Norte, o desemprego de longa duração continua elevado em comparação com os níveis pré-crise e, no caso da Europa, continua aumentando apesar da queda das taxas de desemprego.
Déficits de trabalho decente alimentam o descontentamento social e o desejo de migrar
Outra tendência importante destacada no relatório é que a redução da pobreza dos trabalhadores está desacelerando, colocando em risco a perspectiva de erradicação da pobreza conforme estabelecido pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
O número de trabalhadores que ganham menos de US$ 3,10 por dia deve ter um aumento de mais de 5 milhões nos próximos dois anos nos países em desenvolvimento.
Ao mesmo tempo, o relatório adverte que a incerteza global e a falta de empregos e trabalhos decentes, entre outros fatores, alimentam o mal-estar social e a migração em muitas partes do mundo.
Entre 2009 e 2016, a proporção da população em idade de trabalhar que deseja migrar para o exterior aumentou em quase todas as regiões do mundo, com exceção do Sul da Ásia, do Sudeste Asiático e do Pacífico. O aumento mais importante ocorreu na América Latina e no Caribe e nos Estados Árabes.
Um chamado a favor da cooperação internacional
No que se refere às recomendações sobre políticas, os autores estimam que um esforço coordenado para oferecer estímulos fiscais e um aumento do investimento público que leve em conta o espaço fiscal de cada país, proporcionaria um impulso à economia global e reduziria o desemprego mundial em 2018 em cerca de 2 milhões, comparado às previsões iniciais.
No entanto, estes esforços deveriam ser acompanhados de uma cooperação internacional.
"Estimular o crescimento econômico de maneira equitativa e inclusiva requer uma abordagem política multifacetada que abarque as causas subjacentes desta estagnação secular, como a desigualdade de renda, e, ao mesmo tempo, considere as particularidades de cada país", concluiu Tobin.
Acesse o relatório completo:
www.ilo.org/global/research/global-reports/weso/2017/WCMS_541211/lang–en/index.htm
Mais informações à imprensa:
Organização Internacional do Trabalho (OIT)
Epidemia de Zika não elevou venda de contraceptivos no país.

Estudo feito na Unicamp avalia unidades de contraceptivos vendidas entre setembro de 2014 e agosto de 2016, com base em informações fornecidas pela indústria farmacêutica (foto: Wikimedia Commons)
Diante da explosão de casos de bebês nascidos com microcefalia e outras malformações congênitas no Nordeste brasileiro em 2015 – e da crescente suspeita de que o fenômeno estivesse ligado à epidemia de Zika –, o Ministério da Saúde emitiu, em novembro daquele ano, um alerta para que mulheres adiassem os planos de gravidez.
Cerca de três meses depois, com o fortalecimento das evidências de que o vírus aparentado do causador da dengue era de fato o responsável pelos casos de malformações em bebês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência internacional de saúde pública e recomendou que grávidas evitassem frequentar as regiões afetadas pelo vírus.
Mas, apesar do apelo das autoridades sanitárias e da grande exposição do tema nos meios de comunicação do Brasil e do mundo, a venda de contraceptivos no país não aumentou em relação a anos anteriores, como mostra um estudo feito na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) apoiado pela FAPESP e divulgado na revista Human Reproduction.
Na avaliação do coordenador da pesquisa, Luis Guillermo Bahamondes, da Clínica de Planejamento Familiar do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, o resultado observado estaria mais ligado à dificuldade de acesso a métodos contraceptivos – especialmente na rede pública – do que à falta de interesse das mulheres em evitar a gestação.
"Para conseguir uma cartela de pílula nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), por exemplo, antes é preciso esperar três ou quatro meses por uma consulta médica. E comprar o medicamento nas drogarias é uma impossibilidade para muitas. Dos métodos considerados de longa duração, apenas o DIU [dispositivo intrauterino] com cobre é coberto pelo SUS [Sistema Único de Saúde] e, muitas vezes, faltam profissionais capacitados para inseri-lo", disse Bahamondes.
No estudo, foram avaliados dados fornecidos pela indústria farmacêutica sobre a venda de produtos contraceptivos entre setembro de 2014 – um ano antes da confirmação do primeiro caso de microcefalia associado ao Zika – e agosto de 2016.
Os produtos analisados foram divididos em quatro grupos. O primeiro engloba os contraceptivos orais (pílula), os adesivos hormonais e os anéis vaginais. No segundo grupo estão os anticoncepcionais injetáveis, tanto os de aplicação mensal como os trimestrais.
O terceiro grupo é representado pelos contraceptivos de emergência, popularmente chamados de pílula do dia seguinte. Por último, no quarto grupo, foram agrupados os métodos considerados de longa duração, como o DIU com cobre (10 anos de eficácia), o DIU medicado com levonorgestrel (cinco anos) e o implante hormonal (três anos).
Os métodos do primeiro grupo são de longe os mais consumidos no Brasil, sendo que a pílula corresponde a mais de 90% das unidades vendidas deste segmento. O número, que era em torno de 13,4 milhões de unidades em setembro de 2014, manteve-se praticamente estável até agosto de 2016.
Entre os injetáveis os pesquisadores registraram uma leve queda. O número de unidades vendidas passou de 1,4 milhão para 1,3 milhão. Os contraceptivos de emergência tiveram uma pequena alta: de aproximadamente 1,2 milhão de unidades vendidas para 1,4 milhão. Já os métodos de longa duração saíram de 38,6 mil para 39,4 mil.
Bahamondes ressalta que os números refletem as unidades que foram vendidas pelas distribuidoras ao setor público, aos pontos de venda ou de dispensação e que, portanto, não é possível ter certeza se chegaram até as mulheres e se elas efetivamente usaram os produtos.
Vale também destacar que não foram contemplados os dados de venda de camisinha. Segundo os autores, isso se deve ao fato de que a camisinha, além de método contraceptivo, também é usada na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Alto custo de métodos eficazes
Como observam os autores no artigo, apenas 1,6% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil faz uso dos métodos de longa duração – considerados os mais eficazes na prevenção de gravidez. Nos Estados Unidos, o número é 5%, enquanto na Europa oscila entre 18 e 25%.
Segundo Bahamondes, no setor privado, o alto custo, a falta de cobertura por planos de saúde e a falta de capacitação dos médicos para inserir os dispositivos são os principais fatores que limitam o acesso.
"Apenas em torno de uma a três em mil mulheres que fazem uso desses métodos engravidam, enquanto entre as usuárias de pílula a taxa de falha varia de oito a dez a cada cem usuárias. A principal vantagem dos métodos de longa duração é não haver risco de as mulheres esquecerem de tomar o medicamento ou de trocar o adesivo ou o anel", disse.
Por outro lado, acrescentou o pesquisador, a demanda por contracepção de emergência no Brasil é muito superior à de países desenvolvidos. "Isso claramente é reflexo da dificuldade das mulheres para ter acesso aos outros métodos de prevenção da gravidez", afirmou.
O artigo "Contraceptive sales in the setting of the Zika virus epidemic" (doi: 10.1093/humrep/dew310), de Luis Bahamondes, Moazzam Ali, Ilza Monteiro e Arlete Fernandes, pode ser lido em: http://humrep.oxfordjournals.org/content/early/2016/12/07/humrep.dew310.full.
Karina Toledo | Agência FAPESP
Novo golpe no WhatsApp promete mostrar quem viu sua foto
Um novo golpe do WhatsApp promete mostrar quem visualizou suas fotos e status no aplicativo. Em duas semanas, foram infectados mais de 60 mil dispositivos, de acordo com a empresa de segurança ESET.
"Apesar de trazer novidades, o modo de atuação do golpe não é novo. Os cibercriminosos tentam enganar os usuários do WhatsApp para que eles se inscrevam – mesmo sem saber – em serviços de SMS premium", explica Camillo Di Jorge, presidente da ESET Brasil.
Os criminosos prometem ativar o novo recurso somente quando o usuário compartilhar o link com dez amigos ou cinco grupos. Depois disso, é preciso inserir seus dados de contato, o que acaba incluindo a linha em um serviço pago.
A ESET explica que há novidades em relação a outros golpes, como a modificação do código-fonte da página, o que dificulta a análise. Há ainda, no código, a quantidade exata de compartilhamentos necessários, incluindo o link da plataforma de publicidade, o que ofusca o script e facilita a criação de novos domínios.
"É importante que os usuários fiquem atentos às mensagens do WhatsApp e não cliquem em links que contenham informações suspeitas, independentemente de quem as envia", aconselha Di Jorge.
Por Olhar Digital.