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segunda-feira, 30 de julho de 2018

A cada 3 professores, 2 apontam qualificação e escuta como as principais medidas para valorizar a profissão.


imagem: Ilustração

Em pesquisa nacional, docentes dizem faltar continuidade de boas políticas e alinhamento dos programas educacionais com a sala de aula


No Brasil, metade dos professores não recomenda a própria profissão por considerá-la desvalorizada. Para reverter tal quadro, apontam como medidas mais importantes para a valorização da carreira, em primeiro lugar, a formação continuada (69%) e a escuta dos docentes para a formulação de políticas educacionais (67%), e em segundo lugar, a restauração da autoridade e do respeito à figura do professor (64%) e o aumento salarial (62%).

Os dados são da pesquisa "Profissão Docente", iniciativa do Todos Pela Educação e do Itaú Social realizada pelo Ibope Inteligência em parceria com a Conhecimento Social. Com o propósito de ouvir os professores a respeito da sua formação, do seu trabalho, e do que consideram mais importante para a valorização da carreira, o levantamento entrevistou 2.160 professores da Educação Básica das redes públicas municipais e estaduais e da rede privada de todo o país. A amostra respeitou ainda a proporção de docentes em cada rede, etapa de ensino e região do País, segundo os dados do Censo Escolar da Educação Básica (MEC/Inep).

De acordo com a pesquisa, a maioria (78%) dos professores afirma ter escolhido a carreira principalmente por aspectos ligados à afinidade com a profissão. Entretanto, quando olhamos os níveis de satisfação com a atividade docente, 33% dizem estar totalmente insatisfeitos, e apenas 21%, totalmente satisfeitos.

Segundo Priscila Cruz, presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação, o que os professores dizem por meio da pesquisa confirma a necessidade urgente de mudanças no conjunto das políticas docentes, desde as relacionadas ao ingresso na carreira, como formação inicial, até aquelas voltadas a quem já está na ativa, como a formação continuada, e os planos de remuneração e progressão na carreira, passando pela melhora nas condições de trabalho e pela ampliação do envolvimento dos professores nas decisões relacionadas às políticas educacionais.

"Mais do que desafios, os resultados da pesquisa revelam oportunidades para a valorização docente que são factíveis e podem ser alcançadas em um período de curto e médio prazo, uma vez que a Educação seja, de fato, prioridade na gestão, e o professor seja entendido como ator central de um projeto de educação", afirma Priscila.


Formação

Em relação à formação, observa-se um forte desejo de aprimoramento profissional dos docentes, uma vez que 77% deles têm cursos de especialização. Os cursos de formação inicial, todavia, parecem não contemplar todos os quesitos que consideram importantes para começar a dar aulas: somente 29% dos professores concordam que essa formação os preparou para os desafios do início da docência.

Nesse sentido, além de políticas voltadas a melhorar a formação inicial, a formação continuada é determinante para o aprimoramento da prática docente de quem já está dando aulas. Para Juliana Yade, especialista em Educação do Itaú Social, "a formação continuada precisa articular a teoria e a prática de modo que propicie o desenvolvimento profissional e ao mesmo tempo dialogue com os desafios do dia a dia do professor. Quando isso acontece, o docente se sente mais valorizado e apoiado, ampliando as oportunidades de aprendizagem tanto para ele como para os estudantes.  Esse processo impacta de forma significativa na melhora da educação."

Segundo a pesquisa, os professores entendem que é papel da Secretaria de Educação oferecer oportunidades de formação continuada (76%), mas não concordam que os programas educacionais como um todo estão bem alinhados à realidade da escola (66%). Apontam ainda que falta um bom canal de comunicação entre a gestão e os docentes (64%), e que não há envolvimento dos professores nas decisões relacionadas a políticas públicas (72%). Também consideram aspectos ligados à carreira mal atendidos, como o apoio à questões de saúde e psicológicas (84%), e o salário (73%).

A remuneração média no país, segundo os professores pesquisados, é de R$ 4.451,56 atualmente. A grande maioria dos docentes (71%) tem a principal renda da casa e 29% deles afirmam ter uma outra atividade como fonte de renda complementar. Segundo a pesquisa um em cada três professores têm contrato com carga horária de menos de 20 horas semanais, o que pode ter impacto na renda e também no cumprimento do ⅓ da carga horária prevista na Lei do Piso do Magistério para atividades extra-classe. De acordo com a pesquisa, 58% dos professores afirmam ter tempo remunerado fora da sala de aula. Contudo, somente cerca de 30% dos docentes dispõem de aproximadamente ou mais de ⅓ da sua carga horária para atividades como planejamento de aula.




Contatos de imprensa

Todos Pela Educação: Bárbara Benatti

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