Imagem: arquivo/Brasil61
      
        Você já ouviu falar em bioeconomia? Desde o advento da revolução        industrial no Brasil, ainda no século passado, o País vem        discutindo como produzir e desenvolver de forma mais sustentável.        Isso quer dizer que, de maneira organizada e pensada, é possível        atender às necessidades das gerações presentes sem comprometer a        capacidade das gerações futuras de suprirem suas próprias        necessidades. E aí pode entrar a bioeconomia. 
        
        Bioeconomia é conhecida como um modelo de produção industrial        baseado no uso de recursos biológicos. A ideia é oferecer soluções        para a sustentabilidade dos sistemas de produção com vistas à        substituição de recursos fósseis e não renováveis. 
        
        "O Brasil possui mais florestas do que qualquer outro país e um        terço das florestas tropicais do mundo estão aqui. O País tem        grandes diferenciais que nos colocam no centro do debate        internacional de bioeconomia", avalia Rodrigo Agostinho (PSB-SP),        membro da Frente Parlamentar Mista de Bioeconomia. 
        
        Ele lembra que a nação verde e amarela tem 20% de toda a        biodiversidade do mundo. "Isso facilita muito a prospecção de        produtos da floresta, para a indústria de cosméticos,        farmacêutica, alimentícia. São várias situações que nos projetam        de maneira diferenciada e nos dão destaque internacional", frisa        Agostinho. 
        
        O assunto também despertou interesse no Governo Federal. O        ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcos Pontes,        ressaltou, em reunião virtual, a importância de o Brasil se        desenvolver nesse setor, mostrando que outros países com menos        recursos naturais estão mais à frente que o nosso. "Veja o que        esses países não têm e o que eles são. Agora, veja o Brasil. Veja        o que nós temos e o que nós não somos", refletiu.
        
        O presidente da Associação Brasileira de Bioinovações (ABBI),        Thiago Falda, defende a construção de políticas públicas nesse        campo da bioeconomia. "Os investimentos no País e as políticas        públicas precisam ser direcionados para os elementos que o País        tem vocação. Temos a maior biodiversidade do mundo, a maior        quantidade de biomassa e a um preço mais acessível no mundo, temos        uma agricultura altamente sustentável que permite a geração dessa        biomassa. Então, temos uma experiência muito grande em        bioeconomia", reforça. 
        
        
        
        Desequilíbrio 
        Segundo dados compilados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento        Econômico e Social (BNDES), acredita-se que, até 2030, a população        global cresça 16%, passando de 7,3 bilhões, em 2015, para 8,5        bilhões daqui a dez anos. Os pesquisadores acreditam que um dos        maiores desafios esteja na transformação do atual modelo econômico        de desenvolvimento, baseado tanto na utilização de fontes fósseis,        como petróleo, gás e carvão, quanto na degradação do meio        ambiente. 
        
        O centro de Sustentabilidade do Serviço Brasileiro de Apoio às        Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) endossa esses dados. Com o        aumento da população, segundo levantamento da entidade, os        recursos podem começar a faltar – como água potável, alimentos e        energia. Em uma publicação, em que classifica a bioeconomia como        uma das dez tendências que estão mudando o mundo dos negócios, o        Sebrae acredita que é preciso "voltar a economia para o que é        vivo." 
        
        A bioeconomia, segundo o Sebrae, é indicada como conceito que pode        apresentar respostas e soluções de grandes desafios, como a        produção sustentável de alimentos, alternativas energéticas limpas        e uso da engenharia genérica para criar produtos para a saúde. O        setor de bioeconomia já movimenta cerca de dois trilhões de euros        no mercado mundial e gera em torno de 22 milhões de empregos. 
        
        "O Brasil tem que investir muito mais em biotecnologia,        biorefinarias, bioinsumos, biocombustíveis, porque isso tende a        ser a economia do futuro e com crescimento exponencial, como na        captura do carbono. Dessa forma, investiremos no que é o futuro da        economia mundial. Produtos e insumos de origem fóssil tendem a        diminuir", projeta o deputado federal Alexis Fonteyne (Novo-SP). 
        
        "Quando falamos em bioeconomia, falamos em economia circular, em        que sempre teremos o reaproveitamento do carbono, sem        desperdícios, e um impacto ambiental muito menor", ressalta o        parlamentar. 
        
        Bioeconomia na pandemia 
        Um estudo organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)        mostra como a indústria vem se adaptando a uma realidade cada vez        mais presente no mercado. O conceito de bioeconomia, que não é        novo, teve mais destaque após a crise global na saúde e na        economia, causada pela pandemia do novo coronavírus. 
        
        "Entre os principais desafios, está a construção de uma governança        para a bioeconomia, que deve ser liderada pelo Governo Federal        envolvendo diversos ministérios, indústrias, universidades e        instituições de pesquisa", afirma o presidente da CNI, Robson        Braga de Andrade.
        
        Em 2016, segundo dados do estudo, o valor das vendas atribuíveis à        bioeconomia brasileira foi de US$ 326,1 bilhões, considerando-se o        setor agropecuário e a produção tradicional. "Contudo, a        quantidade de tecnologia gerada no país para suportar essa        produção foi muito pequena, tendo sido esse um valor capturado por        empresas especializadas que fazem o desenvolvimento em outros        países", afirma o documento. 
        
        E continua: "investimentos qualificados nessa área têm grande        potencial de retorno, além de reduzir a dependência e aumentar a        segurança econômica do País. Portanto, atuar na industrialização        da biologia para o desenvolvimento de uma bioeconomia avançada,        com maior margem para os produtos da pauta, é fundamental." 
        
        Na opinião do deputado Rodrigo Agostinho, é preciso investir, sim,        na bioeconomia, mas acredita que ainda há entraves que impedem que        o Brasil avance no pleito. 
        
        "Precisamos investir mais na economia da floresta, das energias        limpas, dos combustíveis renováveis. Mas o grande desafio que        ainda temos é tirar as amarras e entraves. Precisamos de uma série        de cenários internos favoráveis, precisamos de marco regulatório,        de segurança jurídica, de incentivos tributários. Precisamos tirar        as amarras fiscais e criar um cenário onde o Brasil possa voltar a        se industrializar em uma perspectiva mais concreta e sólida, onde        a bioeconomia possa se apoiar de forma sustentável ao longo do        tempo", conclui. 
      
      
Fonte: Jalila Arabi,          Jornalista/Brasil61
      






 
 
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