Foto: EBC
        
        Em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o        Brasil (UNIC Rio), o representante do Escritório do Alto        Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH)        na América do Sul, Amerigo Incalcaterra, alertou que mudanças        recentes na legislação brasileira não estão levando em conta        tratados internacionais ratificadas pelo país. Reformas podem        levar a retrocessos dos direitos previdenciários, trabalhistas,        econômicos e da agricultura.
        
        Em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o        Brasil (UNIC Rio), o representante do Escritório do Alto        Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH)        na América do Sul, Amerigo Incalcaterra, alertou que mudanças        recentes na legislação brasileira não estão levando em conta        tratados internacionais ratificadas pelo país. Para o        representante da ONU, reformas podem levar a retrocessos de        direitos.
        
        "Quando falamos de preocupações em relação a possíveis retrocessos        em matéria de conquistas de direitos, pode ser na esfera        previdenciária, como pode ser (também) no âmbito do trabalho, no        âmbito dos direitos econômicos e da agricultura", disse o        especialista.
        
        Segundo Amerigo, discussões sobre alterações da legislação        brasileira têm desconsiderado os compromissos internacionais        assumidos pelo Brasil, signatário da maioria dos acordos de        direitos humanos. É o caso da já aprovada Proposta de Emenda        Constitucional (PEC) nº 55 e de outras reformas ainda em debate no        Congresso Nacional.
        
        "O que vemos é que não são colocados em discussão, nem são levados        em conta os padrões internacionais que foram ratificados pelo        Brasil", ressaltou Amerigo. "Na prática, esse compromisso (do        Brasil com tratados de direitos humanos) não está sendo cumprido",        afirmou o representante do ACNUDH.
        
        Amerigo concedeu entrevista ao UNIC Rio durante passagem pelo        Brasil na semana passada. O enviado regional do Alto Comissariado        veio ao país para uma visita regular, na qual pôde se informar        mais sobre recentes casos de violações dos direitos humanos, como        as rebeliões em diferentes presídios brasileiros.
        'Construir mais cadeias não é resposta adequada'
        
        A respeito do Plano Nacional de Segurança anunciado pelo governo        na sequência das revoltas em cadeias brasileiras, Amerigo afirmou        que um dos pontos da proposta — o da construção de mais presídios        — "não é uma resposta adequada". "O caminho não é construir mais        prisões, mas sim, fazer uma profunda revisão de uma política        criminal", disse o funcionário da ONU.
        
        O representante do ACNUDH lembrou que o Brasil tem a terceira        maior população carcerária do mundo e que a taxa de aumento do        número de pessoas privadas de liberdade vem aumentando.
        
        "Não há, digamos, uma leitura mais profunda para estabelecer uma        política criminal que realmente defina que tipo de delito deve        exigir encarceramento e que outro tipo de delito deve receber um        tratamento diferenciado ou alternativo", acrescentou.
O representante regional do ACNUDH para a América do Sul, Amerigo        Incalcaterra. Foto: ACNUDH/Carlos Vera
        
        
        Segundo Amerigo, "a população carcerária e os delitos que estão        perseguindo e condenando realmente são relacionados com o tráfico        de drogas e o delito contra a propriedade".
        
        Analisando o conjunto das pessoas privadas de liberdade no Brasil,        é possível identificar ainda que a maioria dos presos é de negros        das classes pobres e com baixa escolaridade. Dados de 2014 do        Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) apontam que apenas 8%        da população prisional concluiu o Ensino Médio.
        
        "Isso também nos indica que tipo de população e onde o Estado        deveria atender (com) uma melhor educação, sem dúvida alguma, com        melhores programas sociais", disse o representante da ONU, para        quem "não se deve revisar a situação carcerária por si só, mas sim        no conjunto de toda uma política social".
        
        
        Por: ACNUDH América do Sul
@digitalradiotv
      
      





Nenhum comentário:
Postar um comentário